Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte livros sobre filosofia. Eles me levaram para Paris, na França de 1979, onde fui recebido pelo escritor e filósofo Jean-Paul Sartre, a quem fui logo pedindo:
– Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
Ele então tirou do bolso um palito de fósforo, o acendeu e o aproximou da parede para me demonstrar que apenas a sua mão e o palito produziam sombras, ao contrário da chama do fogo, que não tem sombra por ter pouca matéria, o que faz a luz passar facilmente por ela.
Em seguida, ele me presenteou com uma foto em que ele aparece caminhando pelas areias de um país do Velho Mundo, andando meio curvado e com o sol batendo nas costas, projetando sua sombra no chão.
Lembre-se dessa foto da sombra projetada como uma forma de entender a mensagem que tentei passar, de forma metafórica, sobre o conceito do existencialismo em minha obra filosófica. O existencialismo versa sobre a projeção da nossa sombra no mundo, por meio da projeção de nossas vontades, enquanto seres humanos livres.
O homem nasce “condenado à liberdade” num paradoxo que só a vida é capaz de proporcionar. Diariamente somos desafiados a tomar decisões, pelo fato de sermos livres para isso. A existência precede a essência. Diferentemente dos objetos, nascemos e somos ensinados e pré-programados por pais e professores, ao longo do nosso desenvolvimento, com o intuito de nos enquadrarem dentro de regras e ordens com respectivos direitos e deveres. À medida em que vivemos e nos damos por gente, descobrimos que podemos nos libertar dessa suposta essência programada e podemos optar por aquilo que queremos e desejamos fazer, dentro de condições razoáveis de existência.
Existir é ser livre para decidir e optar o tempo todo, ainda que isso carregue o peso das angústias e dos medos por causa das consequências de nossas decisões e nossos atos. Somos os maiores responsáveis por nossas próprias escolhas, somos os autores de cada um de nós e autores da obra das nossas vidas e não vítimas de forças e entidades externas. Controle o seu destino, antes que alguém o tente fazer por você e projete a sua sombra no mundo!
*Palestrante, Consultor e fundador do Blog do Maluco.