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Por que os transplantes capilares cresceram tanto?

Melina Oliveira*
Publicado em 05/04/2024 às 19:00.

“É dos carecas que elas gostam mais.” O velho jargão, usado em outros tempos como meio de consolo – ou de piada mesmo – para os calvos, saiu de moda. Não que as mulheres não possam gostar de algum careca, mas certamente há outros atributos que atraem mais os olhares apaixonados do que uma alopecia androgenética em estágio avançado.

Ainda na época em que a frase reinava nas rodas de amigos, os tratamentos contra a alopecia androgenética, que você conhece melhor pelo termo calvície, eram precários e os resultados nem sempre eram satisfatórios. Pior do que isso, costumava realçar o problema da perda de cabelo e, consequentemente, reforçar as piadas entre esses mesmos amigos.

O tempo passou e a ciência avançou muito, proporcionando novas técnicas não apenas contra a calvície mas também contra a grande maioria das doenças capilares. O FUE (sigla de Follicular Unit Extraction, ou extração de unidade folicular), por exemplo, oferece resultados estéticos tão impecáveis que matam na raiz qualquer possibilidade de chacota. Porém, muito mais do que as brincadeiras, o grande trunfo oferecido pela técnica é sua capacidade comprovada de transformar a vida do paciente resgatando sua autoestima.

E isso ajuda a explicar por que os transplantes capilares simplesmente se multiplicaram desde a última década. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia de Restauração Capilar (ISHRS), só em 2021 foram realizados 703.183 cirurgias de restauração capilar. Para se ter ideia, em 2010 houve um total de 279.381 procedimentos. Uma elevação próxima dos 250% em 11 anos.

Essa busca desenfreada por tratamentos contra a queda de cabelo também ajudou a desmitificar certas ‘verdades’ em torno da calvície. Por muito tempo, a sociedade atribuía a alopecia androgenética estritamente ao estresse do dia a dia ou, quando muito, a fatores genéticos. Cunhou-se, com isso, o mito de que se poderia medir o tamanho dos problemas de um indivíduo pela quantidade de cabelo que ele perde.

Outra crença que vem caindo por terra é aquela que condiciona a queda de cabelo somente aos homens. É verdade que eles são uma maioria esmagadora, mas não são as únicas vítimas dos problemas capilares. Ainda que a calvície, particularmente, esteja relacionada à quantidade de hormônios sexuais masculinos, ela também pode acometer as mulheres. Não por acaso, o número de pacientes femininas que recorrem à clínica para realizar um transplante capilar tem crescido nos últimos anos.

A quebra de paradigmas, portanto, passa por uma conscientização que naturalmente vem acontecendo em função da busca elevada pelo tratamento. A queda de cabelo não é um termômetro do tamanho dos problemas de ninguém, mas uma consequência de fatores genéticos, hormonais ou mesmo de fungos ou bactérias, como também pode ser resultado de oleosidade excessiva, má alimentação ou de efeitos colaterais pelo uso de algum medicamento ou de produtos químicos no couro cabeludo.

O primeiro passo para romper com essas dúvidas é procurar um profissional adequado, especialista em transplantes capilares. É ele quem será capaz de diagnosticar e determinar o tratamento mais adequado. Com os avanços medicinais de hoje, as técnicas que levam à recuperação dos cabelos é uma realidade palpável, e que atestam para os números globais. Com tantos avanços, o porquê de os transplantes capilares terem crescido tanto não deve ser exatamente uma pergunta, como sugere o título deste artigo. Ele, na verdade, é uma consequência.

*Médica e especialista em cirurgia de transplante capilar

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