Certa vez um discípulo flagrou o mestre fumando nos fundos do auditório, enquanto aguardava ser chamado para proferir uma de suas brilhantes palestras sobre comportamento humano... Sem esconder seu ar de decepção, o discípulo questionou o mestre:

- “Mas, o senhor fuma?”

Ao que o mestre, percebendo a censura latente na pergunta, prontamente retrucou:

- Este é apenas um dos muitos defeitos que tenho e que você ainda não conhece...

A timidez normalmente é associada à insegurança, medo, vergonha e outros sentimentos parecidos que têm na auto-estima baixa seu maior alicerce. Funciona como um mecanismo de defesa e até ocasionalmente como uma estratégia de sobrevivência. Até aí todos concordam...

Na realidade o que pode estar por trás desse comportamento defensivo pode ser uma secreta crença na perfeição, um perfeccionismo dissimulado, uma sensação de superioridade, que leva ao indivíduo a não se expor, a não se manifestar, com receio de desagradar, de errar, de ser criticado...

Como só aprendemos errando imaginem só a armadilha que muitas pessoas armam contra seu próprio desenvolvimento...

Na mesma linha situam-se outras posturas negativas que vão desde a vontade de agradar, a idealização do outro, a fé cega, a idolatria, a subserviência, a submissão.

Quando estas ocorrências fazem parte do cenário profissional, quando a cultura da empresa “adota” tais valores, quando estes comportamentos são estimulados e valorizados nas organizações, está sendo enredada a teia mortal que sufocará em pouco tempo toda e qualquer possibilidade de evolução e inovação necessária ao desenvolvimento empresarial.

Organizações silenciosas que contraíram o vírus do emudecimento, que sufocaram qualquer possibilidade de crítica ou contestação, chefias autoritárias que adoram ouvir o “Sim, Senhor” o tempo todo, funcionários que se descobrem confortáveis, felizes e seguros pela opção de ficarem quietos, apenas concordando e aplaudindo as iniciativas e propostas superiores, morrerão juntas e abraçadas no fundo do poço, destinado àquelas que não souberam criar um ambiente criativo e competitivo necessário para os dias atuais.

A boa notícia é que estes sintomas podem ser modificados antes de se tornarem crônicos ou se transformarem em algo pior.

O primeiro passo é reconhecer o desvio, a imperfeição... E seguir em frente, a despeito de nossas imperfeições.

A transparência, a sinceridade, o comprometimento, a oposição leal mudam as relações interpessoais e as práticas organizacionais.

Não tentar mudar é o cumulo da cegueira institucional, da paralisia gerencial, que comemora o voo do avião desgovernado céu abaixo, que não troca a certeza de um falso roteiro pela esperança de um novo improviso.

Cuide bem de você!

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