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Terça-Feira,22 de Abril
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O peso da dívida na vida do brasileiro

Gregório José*
Publicado em 16/01/2025 às 19:00.

Senhoras e senhores, permitam-me começar com uma imagem: uma montanha. Não dessas que encantam os olhos nas viagens de férias, mas uma montanha de dívidas, silenciosa e implacável, que cresce à sombra do cotidiano de milhões de brasileiros. Em dezembro de 2024, mais de 68 milhões de consumidores estavam negativados. Imagine, se você estiver em um grupo de dez pessoas, quatro delas carregam esse fardo invisível.

A inadimplência é um reflexo da batalha diária de um país onde as contas insistem em crescer mais rápido que os salários. O brasileiro médio negativado deve R$ 4.432,05, distribuídos, em média, entre pouco mais de duas empresas credoras. Mas essa não é só uma questão de números; é uma história de escolhas difíceis: pagar a conta de luz ou parcelar o banco?

O setor financeiro, aliás, lidera a lista de credores, com 64,62% das dívidas. E por que isso importa? Porque dívidas bancárias não são apenas números em um papel. Elas trazem juros que crescem como um tufão em mar aberto, tornando ainda mais distante o horizonte da estabilidade financeira.

A faixa etária de 30 a 39 anos carrega o maior peso: quase metade dessas pessoas estão negativadas. São cidadãos na plenitude da vida produtiva, muitos com filhos pequenos e sonhos grandes. Mulheres, que representam ligeiramente mais da metade dos inadimplentes, enfrentam também o peso de uma carga histórica: menores salários e mais responsabilidades.

Mas há algo curioso e revelador nos números: 31,09% das dívidas são inferiores a R$ 500. Isso significa que não são apenas grandes financiamentos que sufocam o orçamento, mas também pequenos valores que se acumulam como areia na engrenagem.

Geograficamente, o Centro-Oeste desponta com a maior taxa de inadimplentes, enquanto o Sul apresenta os menores índices. São realidades distintas que refletem as desigualdades regionais de um Brasil continental.

E se olharmos além dos dados, veremos um cenário que não se limita à economia. A inadimplência afeta o humor de uma nação. Ela limita sonhos, provoca noites insones e faz da esperança um bem escasso.

O que fazer diante disso? A resposta não é simples, mas precisa começar com o básico: educação financeira. Não a fria teoria das planilhas inatingíveis, mas uma conversa franca sobre planejamento e priorização. Em 2025, a renegociação de dívidas e a construção de fundos de emergência são caminhos apontados pelos especialistas.

Há também a necessidade de responsabilidade compartilhada. Do lado dos consumidores, a prudência. Do lado das instituições financeiras, taxas de juros que reflitam mais equilíbrio do que voracidade.

A dívida não precisa ser o fim da linha. Ela pode ser um ponto de partida para novas escolhas, mais conscientes e sustentáveis. Que a montanha de dívidas seja substituída por outra, mais simbólica e poderosa: uma montanha de conhecimento, planejamento e oportunidades.

E que cada um de nós, ao olhar ao redor, perceba que os números não são frios nem impessoais. Eles contam histórias reais. E a sua história, caro leitor, está em suas mãos.

*Jornalista/Radialista/Filósofo

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