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Quarta-Feira,25 de Setembro
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O cotidiano dos objetos domésticos

Gregório José*
Publicado em 22/05/2024 às 21:17.

No universo doméstico, onde as tarefas cotidianas ganham vida própria, as relações entre os utensílios são mais complexas e cômicas do que se pode imaginar. Por exemplo, a Vassoura e o Rodo formam um casal tradicional, e juntos têm uma filha chamada Pá e um filho que prefere ficar no seu cantinho, o Rodo de Pia. Enquanto isso, o Mop e o Pano de Rodo vivem uma rixa mortal, constantemente discutindo quem limpa melhor. O Espanador, o filho complicado da Vassoura, é pouco lembrado, mas quem o conhece bem sabe que ele tem uma queda por pó, um segredo que a mãe prefere manter em silêncio.

Na gaveta dos talheres, a dinâmica é igualmente intrigante. O Garfo e a Faca são casados e têm uma filha, a Colher, que, por sua vez, tem filhos independentes: as Colheres de Chá, de Sopa e de Sobremesa, cada uma com seu próprio tamanho e propósito. A Enxada é a filha bastarda da Pá com a Picareta, um assunto sensível que ninguém menciona. Dizem que o Rastelo e a Pá estavam brigados porque, tempos atrás, a Pá teve uma “escorregada”.

No mundo das roupas íntimas, a Calcinha e a Cueca formam um casal, mas a Calcinha tem uma treta inexplicável com o Sutiã. A Calcinha tem irmãs bastante distintas: a Calcinha Fio Dental, que é a alma das festas, e a Calcinha de Renda, reservada para ocasiões especiais.

Os calçados também têm suas peculiaridades. A Sapatilha, que andava meio apagada, está namorando o Sapatênis. O Sapato Social tem uma desavença com a Sandália de Festa, enquanto o Tamanco e o Tênis têm um rolo que ninguém entende, já que ambos parecem masculinos. Por outro lado, o Sapato de Salto Alto tem um caso secreto com a Rasteirinha, uma situação que desafia a lógica.

Na cozinha, o casamento do Feijão com o Arroz é um pouco peculiar. Apesar de ambos serem masculinos, eles não se desgrudam e formam um par perfeito, embora o Arroz sempre acabe ficando por baixo.

Finalmente, os Prendedores de roupas vivem um drama à parte. Para quem os usa, cada par é como um casal. Quando, por acidente, um prendedor é trocado, é como se ocorresse um divórcio, gerando uma crise nas varais de toda a casa. Enquanto estendo as roupas, fico imaginando as conversas sobre relacionamento que devem acontecer ali.

E assim, no universo dos objetos domésticos, a vida é um eterno teatro, onde cada utensílio tem seu papel e suas complicações, fazendo do nosso dia a dia uma verdadeira comédia de costumes.

*Jornalista/Radialista/Filósofo

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