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O amadorismo diplomático brasileiro

Gregório José*
Publicado em 10/07/2025 às 15:52.Atualizado em 10/07/2025 às 15:54.

Donald Trump mirou o Brasil com um golpe brutal: 50% de tarifa sobre todas as importações brasileiras, a partir de 1º de agosto de 2025. O gesto não é apenas uma medida protecionista — é um recado político, uma retaliação direta ao governo Lula, à condução do processo contra Jair Bolsonaro e, sobretudo, à falta de habilidade diplomática e estratégica da atual administração brasileira.

Estamos assistindo, em tempo real, a um colapso da política externa brasileira. Um governo que se gaba de ser defensor da democracia, da soberania e da multipolaridade está agora de joelhos, humilhado por um adversário internacional que joga duro — e sabe exatamente onde acertar. Enquanto isso, o Planalto age como se ainda estivesse em campanha eleitoral, priorizando alianças ideológicas com autocratas da Nicarágua, Venezuela, china, a falida cuba, Irã (que viola direito das mulheres) e Rússia, enquanto ignora a realidade geopolítica do mundo ocidental, das cadeias globais e das potências que realmente movem a economia do planeta.

Trump não está brincando. Ele usa o comércio como arma e o Brasil, neste momento, é alvo de fogo cruzado por ter escolhido o caminho da provocação ideológica, da retórica antiamericana vazia e da diplomacia amadora. O governo Lula desperdiçou seus dois primeiros anos insistindo em narrativas antiquadas, priorizando encontros de camaradagem com regimes autoritários, em vez de cultivar diálogo estratégico com os dois principais partidos dos EUA. Resultado: os democratas não confiam no Brasil, e os republicanos, agora no poder, o punem sem dó.

A resposta do Itamaraty, até agora, é patética: ameaças vagas de retaliar, de recorrer à OMC, de “conversar com os parceiros do Sul Global”. Isso é risível. Não existe “sul global” que salve o Brasil de perder bilhões em exportações de soja, carne, minério e aviões. Nenhuma reunião em Havana ou Teerã vai restabelecer o equilíbrio comercial com Washington.

Estamos pagando caro — muito caro — por uma política externa ideológica, míope, desconectada do realismo diplomático que a posição do Brasil exige. O Brasil precisa de um choque de lucidez diplomática. Chega de diplomacia messiânica e panfletária. É hora de agir com firmeza, reconstruir pontes com os EUA — inclusive com o governo Trump, por mais indigesto que isso seja para o atual Planalto — e, acima de tudo, parar de tratar política externa como extensão da militância partidária. A soberania nacional não se protege com discursos inflamados, mas com diplomacia eficaz.

Trump já deixou claro: ele veio para bater. E o governo Lula, atolado em ideologia e cercado de amadores, parece pronto para apanhar — calado, mas esperneando.
 
*Jornalista/Radialista/Filósofo

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