Logotipo O Norte
Terça-Feira,24 de Setembro
artigo

O aluguel seria como uma multa por ser pobre?

Gregório José*
Publicado em 13/05/2024 às 19:00.

Na trama intricada das relações sociais e econômicas, o aluguel emerge como um elo marcante, tangível e, muitas vezes, opressivo. Nesse contexto, surge uma reflexão profundamente filosófica: será o aluguel uma simples transação financeira, ou ele transcende para além dos limites monetários, revelando as desigualdades e injustiças arraigadas em nossa sociedade?

No âmago dessa questão está a ideia contundente de que o aluguel, de certa forma, se configura como uma multa por ser pobre. Num mundo onde o acesso à moradia digna é frequentemente determinado pelo poder aquisitivo, aqueles que não detêm recursos suficientes são condenados a pagar um preço mais alto por um direito fundamental: o direito à habitação.

A sociedade contemporânea, regida pelo paradigma do mercado, muitas vezes relega os menos favorecidos a condições precárias, onde o aluguel se torna não apenas uma despesa mensal, mas uma sentença perpétua de subjugação econômica. É como se a pobreza fosse criminalizada e a punição se manifestasse na forma de parcelas a serem pagas a cada mês.

Essa dinâmica perversa nos leva a questionar os valores fundamentais que regem nossa convivência em sociedade. O direito à moradia digna não deveria ser um privilégio reservado àqueles com bolsos mais recheados, mas sim um princípio inalienável, garantido a todos os cidadãos, independentemente de sua condição financeira.

Ao refletir sobre o aluguel como a multa por ser pobre, somos confrontados com a urgência de repensar nossas estruturas sociais e econômicas. É necessário buscar alternativas que promovam a equidade e a justiça, que reconheçam a dignidade intrínseca de cada ser humano e que assegurem o acesso universal a condições de vida dignas.

Tudo bem, o aluguel não deve ser encarado como uma penalidade imposta aos menos afortunados, mas deve nos lembrar de que é possível investir em um bem imóvel antes mesmo de dar passos firmes ao futuro, como casar, ter filhos, criar uma família. Quantas uniões foram desfeitas porque o casal não tinha estrutura para lidar com aluguel de casa pequena, sem conforto, móveis de qualidade duvidosa e contas como água encanada e energia elétrica chegando todo mês? Afinal, na casa dos pais, quem tem a preocupação em estar em dia com estas dívidas são os responsáveis pelo lar.

Lembrar do aluguel como peso nas contas é um lembrete doloroso das desigualdades que permeiam nossa sociedade. Somente através do compromisso coletivo com a justiça social e a solidariedade poderemos transformar essa realidade e construir um mundo onde o direito à moradia não seja mais um luxo, mas sim uma garantia para todos.

*Jornalista/Radialista/Filósofo

Compartilhar
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por