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Israel x Irã e o risco de um conflito generalizado

Fernanda de Castro Brandão Martins*
Publicado em 16/04/2024 às 19:00.

Na madrugada de domingo (14/04), o Irã fez uma série de ataques com drones e mísseis balísticos como retaliação pelo ataque à embaixada iraniana em Damasco, Síria. No ataque israelense, dois generais iranianos foram mortos levando a uma resposta mais incisiva do país. A retaliação foi contida pelo Domo de Ferro, parte do sistema de defesa israelense, e até o momento não houve notícias de mortes de civis. Apenas uma base militar israelense no Negev parece ter sido atingida.

O ataque eleva mais um pouco as tensões na região e coloca os dois países mais próximos de um confronto. Os Estados Unidos e Grã-Bretanha se mobilizaram para ajudar na defesa israelense. A Jordânia contribuiu abatendo mísseis e drones que sobrevoassem o território. A Arábia Saudita também afirmou que está disposta a contribuir com a defesa israelense. A posição desses países em prol de Israel também serve para desencorajar o Irã de realizar ataques mais ofensivos contra Israel.

A continuidade do acirramento do conflito na região vai depender dos próximos passos de Israel. Uma retaliação israelense ao ataque será acompanhada de uma nova ofensiva por parte dos iranianos. Em um primeiro momento, o governo israelense prometeu forte arremetida. Contudo, os Estados Unidos têm atuado para acalmar os ânimos e evitar que o país do Oriente Médio comece uma guerra de proporções ainda maiores. Uma batalha entre Israel e Irã certamente teria a participação de aliados iranianos como a Rússia e de aliados israelenses como Estados Unidos e Grã-Bretanha. Além disso, não se sabe quais tipos de armamentos não convencionais o Irã realmente tem, e o governo iraniano tem afirmado que pode recorrer a estes armamentos caso haja uma retaliação israelense.

Atualmente, as Forças de Defesa Israelense têm atuado em diversos fronts ao mesmo tempo, fazendo ataques e incursões na região de Gaza, na fronteira com o Líbano e na Síria. Ataques do Hezbollah no norte do país têm sido recorrentes. A falta de um objetivo final claro tem prolongado o embate com o Hamas, levado a reações vindas de aliados do grupo e causado a morte de civis e deterioração das condições de vida, principalmente, da população palestina. O Irã é um dos principais financiadores e aliados do Hamas e tem prometido lutar contra Israel desde o momento em que o país passou a atacar a região de Gaza.

Há quem argumente que a retaliação iraniana foi limitada, dado o conhecimento da capacidade de defesa de Israel. O motivo seria que o país não teria interesse em instigar uma guerra que tenha o envolvimento de grandes potências como Estados Unidos e Grã-Bretanha. E, aparentemente, de outros países mulçumanos da região como Jordânia e Arábia Saudita e até mesmo os Emirados Árabes. Contudo, é inegável que a noite de sábado para domingo foi marcada pelo terror para a população israelense revelando um aspecto psicológico do conflito. O governo israelense tem afirmado que a resposta ao Irã deve ter o mesmo impacto psicológico que o ataque iraniano teve em Israel.

Uma reunião de emergência foi convocada pelo Conselho de Segurança da ONU para tratar da questão. O secretário-geral da organização, António Guterres, exortou os países a agirem de forma contida, evitando o escalonamento do conflito e o uso da força uma vez que civis tem sido os principais afetados pelos diferentes pontos de rivalidade no Oriente Médio. É parte das funções do Conselho de Segurança atuar para a manutenção da paz mediante a ameaça de confronto.

Nesse cenário, o Brasil deve atuar para promover a paz e evitar o escalonamento da guerra no Oriente Médio. Um atrito de grandes proporções na região, certamente, terá impactos profundos sobre a economia global e aumentará a sensação de medo e insegurança à medida que aliados de ambas as partes se envolverem na guerra. A resposta de Israel ao ataque iraniano é o que vai ditar o tom da região nos próximos dias.

*Coordenadora do curso de Relações Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio

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