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Escoliose: um caminho de resiliência e superação

Julia Barroso*
Publicado em 28/06/2024 às 19:00.

Junho é o mês dedicado à conscientização da escoliose, uma condição que afeta cerca de 2 a 3% da população mundial, sendo 80% dos casos em meninas. A escoliose é uma curvatura anormal da coluna vertebral que pode levar a complicações graves se não tratada adequadamente. A campanha do Junho Verde visa aumentar a conscientização sobre essa deformidade, seus tratamentos e o impacto na vida das pessoas afetadas.

A escoliose pode se manifestar de diversas formas, desde leves curvaturas até deformidades severas que comprometem a qualidade de vida do paciente, além de abalar emocionalmente não só a pessoa com escoliose, como sua família inteira.

Os tratamentos variam conforme a gravidade da condição. Em casos leves, a fisioterapia com exercícios específicos e o acompanhamento médico são suficientes. Para curvaturas moderadas, além da fisioterapia, faz-se necessário o uso de coletes ortopédicos. Em situações mais severas, a cirurgia é indicada, envolvendo procedimentos bem complexos e caros.

Eu descobri a escoliose aos 11 anos, durante uma consulta de rotina. A notícia chegou como um choque, especialmente para uma pré-adolescente vaidosa e cheia de vida. A gravidade da condição e a necessidade de usar um colete ortopédico por 23 horas diárias foram devastadoras.

Os anos usando o colete foram marcados por vergonha e isolamento. A vaidade adolescente deu lugar a uma tristeza profunda e à sensação de alienação. Apesar disso, enfrentei o desafio com coragem e determinação. Depois de retirar o colete, aos 15 anos, descobri que minha escoliose era progressiva (não pararia de crescer) e que precisaria de cirurgia para evitar complicações futuras.

A operação foi um marco na minha vida. Enfrentar um procedimento tão complexo e arriscado exigiu uma força extraordinária. Durante minha recuperação, encontrei conforto na escrita. Da cama do hospital, comecei a documentar minha jornada, resultando no livro “A Menina da Coluna Torta” que se tornou um sucesso, ajudando inúmeras pessoas a entender e lidar com a escoliose.

Continuei minha carreira como jornalista, mas nunca perdi o desejo de ajudar outras pessoas com escoliose. Doze anos depois, decidi voltar a me dedicar integralmente à conscientização da escoliose. Escrevi um segundo livro autobiográfico, “A Mulher da Coluna Torta”, e recriei meu blog para compartilhar informações e apoiar outros pacientes.

Além da escrita, me voluntariei no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mesmo hospital onde fui operada. Durante um ano, visitei pacientes recém-operados, oferecendo palavras de conforto e apoio, retribuindo o cuidado que recebi.

Minha história ilustra a importância da conscientização. O Junho Verde é mais do que uma campanha: é um movimento de esperança e apoio. Ao compartilhar minhas experiências, não apenas encontrei propósito e felicidade, mas também impactei positivamente a vida de muitos outros. Que este mês seja um lembrete de que, juntos, podemos fazer a diferença na vida daqueles que enfrentam a escoliose.

*Jornalista e Membro da Sociedade Brasileira de Escoliose

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