Há quem deposite em um concurso a esperança de ser feliz. Inverta esta lógica: seja feliz e conquiste a aprovação em um concurso, no Enem... na vida, enfim. Mas os desentendimentos entre os pais interferem nesse processo.
Conheço um caso em que a mãe via defeitos até no pediatra, por não admitir que alguém pudesse cuidar dos filhos melhor que ela. E se queixava do marido até quando ele dava a papinha: “Ah, coitados! Você força demais para eles comerem”.
Então, uma das filhas cresceu com a imagem do pai opressor. Num dos trabalhos escolares, cujo tema era a Corrida Espacial, ele orientou o grupo e sugeriu a forma de apresentação, num estilo jornalístico. Assim, além de estudarem o tema proposto, aprenderam sobre a história dos meios de comunicação.
Mas, sendo rigorosa consigo mesma, ela não acreditou no próprio sucesso:
– Pai, você fez o trabalho sozinho e não me deixou aprender. Eu passei apertada com as perguntas do professor. Olha a situação em que você me deixou!
Ao escolher o curso superior, eis o comentário dela, na primeira vez em que o pai iniciou uma conversa sobre o assunto:
-– Vou falar só uma coisa: Eu não vou cursar administração não!
Foi inútil dizer que isso jamais seria exigido. Noutras ocasiões, ela batia as mãos sobre a mesa para repetir a mesma frase. Chegava a chorar.
Hoje, para ser bem-sucedida na vida, nas provas e nas provações, falta-lhe a autoestima para perceber que é amada. É por isso que assim protestou quando foi morar com a melhor amiga: “Ninguém da minha família me ama. Só ela me entende”.
E não convidou o pai para conhecer a casa. Afinal, eis a frase que traduz as atitudes retraídas dela: “Ele vai vasculhar tudo e me repreender”. A boa amiga há de consertar isso. Porque ela é afável, justa e generosa. E, no tempo certo, passará essas virtudes para a moça rebelde.
Que essa história, confidenciada por um pai, sirva de inspiração aos jovens. Sejam bons com seus pais e suas mães. Mudem para melhor o que pensam sobre eles. Afinal, eles são o primeiro amor de suas vidas. E bons estudos.
*Advogado, professor da Faculdade Promove, mestre em Educação pela Unicen-Argentina, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”.