Como fica o mercado de armas?

Daniel Domeneghetti*
24/01/2019 às 06:43.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:11

A ampliação do direito de possuir armas de fogo aponta novos rumos para o mercado de venda de armas no Brasil. A expectativa, agora realidade decretada, do cidadão comum manter uma arma em casa ou no trabalho – desde que o dono da arma seja o responsável pelo estabelecimento, exigirá dos fabricantes de armas de fogo um posicionamento mercadológico mais agressivo e consistente.

Se antes a venda de armas era para poucos, a partir do decreto de Bolsonaro, o interesse da população cresce. Tal popularização obrigará as empresas produtoras de armas a terem uma artilharia pesada (permitindo aqui o trocadilho) para se sobressair neste novo ramo econômico. A abertura do mercado de armas fará com que os fabricantes repensem estratégias de marketing, posicionamentos nas redes sociais, diálogo sustentável com os investidores, além, é claro, do relacionamento com o consumidor.

Neste aspecto, as empresas terão de se basear em um papel focado para atender clientes de personas indefinidas, porém com o anseio único de se protegerem da violência urbana que assola o país. É preciso correr contra o tempo, uma vez que esta movimentação curiosa da população já é assistida desde a campanha eleitoral de Bolsonaro.

A expectativa pela facilitação de vendas de armas fez com os papeis da Taurus, da maior fabricante do país, elevassem mais de 60% nos primeiros dias de 2019. No final do ano passado, a disparada chegou a 150% em ações preferenciais. Hoje, a realidade é outra. Os papéis da Taurus tiveram uma desvalorização de mais de 20% na terça-feira, dia 15, quando Bolsonaro assinou o decreto. Além da informação de que o governo prepara um estudo para a abertura de mercado para a produção de armas no Brasil, outra especulação para tal declínio da Taurus é a entrada de fabricantes estrangeiros no Brasil. Uma possibilidade não muito remota frente ao viés liberal da gestão bolsonarista.

Estes cenários nos dão a ideia de que a lei da oferta e da procura vai reger o mercado de armas no Brasil. Entretanto, a batalha será demarcada na empresa que conseguirá dialogar de maneira sustentável e efetiva com todos os seus stakeholders diante da latente competividade de um nicho que tem tudo para ganhar força popular neste ano. Seguros (ou não), aguardaremos as cenas dos próximos capítulos.

*Especialista em Marketing & Branding Strategy e CEO da DOM Strategy Partners

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