No momento atual, em que os holofotes e as discussões estão voltados para o papel da “CEO mulher”, é muito oportuno lembrarmos da campanha Heforshe, “eles por elas” em português, lançada em 2014 pela ONU Mulheres, na busca por direitos e oportunidades iguais para ambos os gêneros. A indignação não deve ser apenas feminina, pois a luta contra a desigualdade requer a participação ativa dos homens para que a justiça e a equidade de fato prevaleçam.
A pesquisa feita pelo Instituto Ethos com as 1,1 mil maiores empresas do Brasil, publicada em setembro de 2024, mostra que tivemos uma evolução em 20 anos na questão de gênero, mas que ainda é insuficiente. A partir do nível de supervisão e coordenação das empresas, as mulheres representam menos de 40% do corpo de profissionais. E quanto mais próximo ao topo, a participação reduz para 27,4% na diretoria, e 18,6% no Conselho de Administração.
O mero inconformismo não é suficiente para mudar a realidade. É fundamental partir para as ações. Para isso, abaixo seguem oito dicas para que qualquer pessoa, em especial o homem, possa apoiar na prática a equidade de gênero.
Enxergue a potência nas candidatas – contrate também profissionais mulheres. Tenha atenção com vieses e preconceitos que muitas vezes criam barreiras desnecessárias na busca por verdadeiros talentos. Separe o que são competências e habilidades que precisam vir com a candidata, e o que pode posteriormente ser ensinado e desenvolvido.
Promova um ambiente de trabalho flexível e seguro – incentive a adoção de um canal de acolhimento na empresa, e promova ações de promoção da saúde mental e de combate ao assédio moral e sexual. Se posicione contra agressões e discriminação, principalmente em espaços com predominância masculina, no qual o machismo pode se fazer presente. Invista em ações de comunicação interna e de treinamento. Apoie a parentalidade. Oriente-se tendo como apoio a Lei 14.457/22.
Quebre estereótipos - questione comentários machistas. Comportamentos sexistas não devem ser tolerados. Valorize e reconheça as conquistas obtidas por mulheres.
Desenvolva as profissionais – não adianta atrair e não reter talentos, ou pior, não otimizar o uso das capacidades existentes. Identifique os pontos fortes e diferenciais, e trabalhe neles para que a profissional evolua. Oriente e forneça oportunidades reais para que ela se desenvolva. Se possível, ofereça mentoria e programas de aceleração de carreira.
Ofereça oportunidades – abra portas para que as mulheres ocupem espaços que só tenham homens presentes. Pode ser um projeto desafiador, uma reunião de diretoria, um painel num evento corporativo, um curso, entre outros. Mas, ajude a preencher eventuais lacunas, ao invés de transformá-las na justificativa para não dar as oportunidades.
Não se omita – ao testemunhar o desrespeito a uma mulher, posicione-se, deixando claro que aquela ação foi inadequada. Isso inclui o gaslighting (manipulação para distorcer a realidade), mansplaining (explicar para a mulher o que é óbvio para ela, ou ela tem propriedade para falar), manterrupting (interrupção intencional da fala da mulher), bropriating (apropriação de estudo ou realização da mulher) e o manspreading (usar o corpo para ocupar um espaço que não é dele).
Use a sua voz e influência – seja na família, na comunidade, na empresa ou nas redes sociais, todo homem tem a sua rede de influência. Utilize-a para promover a equidade de gênero, abrindo espaços para as mulheres.
Eduque – converse com outros homens sobre a importância e benefícios da igualdade de direitos e oportunidades para ambos os gêneros. Eduque as crianças e adolescentes.
Fortaleça você também esta corrente do bem! Todo mundo ganha.
*Diretor de Forensics & Integrity, Compliance e ESG da Protiviti