Caminhos para a educação do futuro

André Tanesi (*)
01/03/2019 às 06:38.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:46

É bastante comum refletirmos como serão as coisas no futuro, carros voadores, dispositivos implantados em nossas córneas para gravar e revisar tudo o que vivemos, redes sociais com exposição cada vez maior, controle absoluto sobre tudo por meio de câmeras ou aplicativos e um número sem fim de ideias que mais parecem episódios do Black Mirror. Não menos importante que todos estes grandes dilemas é como será a educação no futuro.

O futuro da educação continuará passando por muito trabalho, dedicação e transpiração. O que muda é a forma, a velocidade, os modelos e os conteúdos.

Para entender o futuro da educação é importante olharmos para como o mercado de trabalho ajuda a moldar este formato. Hoje as tecnologias mudam tanto e são tão impactantes que um plano de ensino engessado com longos anos de duração não consegue acompanhar. Um aluno que aprende a programar durante quatro anos chega no mercado e se depara não só com uma nova linguagem, mas com diferentes plataformas que, até então, as pessoas nem sabiam que precisavam.

Qual seria então o modelo adequado a esse novo mundo rápido, tecnológico e que tem uma capacidade gigante de tornar tudo obsoleto em tão pouco tempo? É importante olhar para esse tema sob duas perspectivas: formato e conteúdo. Quando olhamos para o formato, meu palpite é um modelo mais flexível de formação profissional, passando do ensino puramente expositivo para um modelo de experiências de aprendizagem. Imagino um modelo mais longo e com maiores intervalos, como um cenário em que o aluno vai entrar na faculdade, ficar por lá dois anos, ingressar no mercado e trabalhar. Aprender com os erros, viver as mudanças e os desafios.

Com o aprendizado “de mercado”, ele vai voltar para a faculdade e continuar seus estudos, optando pelos caminhos que mais façam sentido diante de suas necessidades e seus gostos. A formação passaria a durar muito mais do que quatro anos, porém com intervalos entre trabalho e estudo, transformando toda essa jornada em uma rica experiência de aprendizagem.

Acredito muito no conceito de “lifelong learning”, ou seja, aprendizado ao longo da vida, que já é bastante procurado por profissionais e desenvolvido por instituições de ensino de todos os tipos, o aluno vai aprender ao longo da sua vida e não só em momentos específicos.

Profissionais passam a fazer parte das mudanças e da evolução do mercado, vivenciando e aprendendo com novas práticas, formatos, metodologias ou comportamentos. Cada vez mais a pergunta “você é formado em quê?” vai mudar para “o que você faz?”. Quer dizer que a formação tradicional não vai mais existir? Vai! Ela é base para a formação profissional, principalmente nas áreas biológicas ou exatas. O que será possível é que os modelos sejam mais flexíveis e modulares.

Os conteúdos vão variar de acordo com as áreas do conhecimento. Além da formação tradicional, é importante começarmos a desenvolver nossas capacidades, habilidades e conhecimentos que ajudem o desempenho e relacionamento: trabalho em equipe, comunicação, criatividade, resolução de problemas, autonomia, responsabilidade, liderança e controle, por exemplo.

Esse já é um dos principais movimentos do mercado de educação, notamos o surgimento e o crescimento de escolas de cursos livres, presenciais e online, falando de competências e habilidades que são buscadas no mercado de trabalho.

(*)CEO da Descola.org, startup pela qual passou por programas como o SEED, Lisbon Challenge e Startup Chile

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