Faltam poucos dias para a Black Friday, data que inaugura a temporada de compras de fim de ano com várias lojas físicas e digitais oferecendo descontos significativos em produtos e serviços. Não sem razão, é um dos eventos mais importantes para as empresas em termos de volume de vendas, concentrando apenas em uma semana cerca de 5% de todas as transações anuais no país.
Períodos como este também são uma janela de oportunidade para golpistas e hackers. As ocorrências durante a semana da Black Friday de 2020 cresceram quase 40% em relação a 2019. Em 2021, houve alta superior a 200% em relação a 2020.
A maioria dos ciberataques foi registrada contra empresas de varejo de pequeno e médio portes. No entanto, muitas ofensivas acontecem antes da Black Friday, uma vez que os hackers invadem previamente os ambientes das varejistas para que possam estudar o perfil das vítimas e planejar os golpes. Ao menos 71% dos ataques são motivados financeiramente, mas os danos também envolvem prejuízos à reputação e sanções legais pelo descumprimento de regulamentações como a Lei Geral de Proteção aos Dados (LGPD).
A indisponibilidade ou instabilidade dos sites também é um problema recorrente. Apesar do aumento nos investimentos e iniciativas de segurança cibernética, apenas duas em cada cinco organizações estão preparadas para enfrentar novas exposições decorrentes da rápida evolução digital. Enquanto 24% das varejistas contam com medidas adequadas de continuidade de negócios e recuperação de desastres, 36% delas ainda são extremamente vulneráveis à sobrecarga da rede e ataques de negação de serviço.
É nítido o esforço das empresas em garantir a segurança de todos os envolvidos. O e-commerce no Brasil obteve recorde de faturamento em 2021, ultrapassando os 161 bilhões de reais em vendas. Para este ano, a perspectiva é ainda mais animadora, com crescimento de 9% nas vendas on-line.
É inegável que a frequência e a sofisticação das ameaças aumentaram, mas também é fato que as companhias varejistas estão mobilizando recursos e pessoal para proteger negócios e consumidores. Apenas dessa maneira, com preparo, conhecimento, bons profissionais e atenção constante, é que todos poderão aproveitar as negociações em tempos festivos sem riscos ou preocupações.
*sócio-líder do segmento de bens de consumo da KPMG e sócio-líder de tecnologia e software da KPMG.