Alerta para gravidez entre adolescentes

Denise Leite Monteiro*
Publicado em 01/02/2022 às 23:03.

A gravidez na adolescência sempre foi um assunto preocupante no Brasil e, principalmente, em função da dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos, as taxas ainda são consideradas altas. Um levantamento do Ministério da Saúde, em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), apontou o país com mais de 19 mil nascidos vivos por ano, de mães entre 10 a 14 anos.

O relatório “Situação da População Mundial do Fundo de População” da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o Brasil ultrapassa a média mundial, apresentando o número de 53 adolescentes grávidas para cada mil adolescentes. Em outras partes do mundo, são 41 meninas para cada mil. Quando é comparado o índice de fecundidade de mulheres de todas as faixas etárias, o Brasil está abaixo da média global de 2,5, apresentando 1,7.

A justificativa para os elevados índices de gravidez na adolescência envolve questões muito amplas, desde o nível socioeconômico cultural e a pouca taxa de escolaridade, iniciação sexual precoce, hipervalorização do sexo, passando pelo conhecimento limitado sobre os métodos anticonceptivos e a dificuldade de acesso à contracepção efetiva de qualidade até a falta de participação do parceiro na anticoncepção.

O estudo “Tendências da gravidez na adolescência no Brasil nos últimos 20 anos” revelou que a gestação na adolescência apresentou uma diminuição importante nos últimos anos, especialmente, a partir de 2014. Em 2009, a cada 5 bebês brasileiros, um era filho de mãe adolescente. Em 2020, de cada 7 bebês, um é filho de adolescente. Contudo, apesar do decréscimo, a situação ainda apresenta índices relativamente altos, quando comparados a outros países, em especial, envolvendo a gestação de meninas entre 10 e 14 anos.

A gravidez precoce tem repercussões na vida da menina/mulher, do parceiro e do bebê. Algumas adolescentes enfrentam dilemas psicológicos, decorrentes ou agravados com a maternidade precoce e conflitos familiares. A evasão escolar precoce e as dificuldades com o parceiro resultam, muitas vezes, em abandono e maternidade solitária.

A melhor estratégia para a proteção à saúde física, psicológica e social dos adolescentes, considerando o nível de saúde pública, é investir em prevenção.

* Secretária da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infantopuberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)

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