Através da sexagem feita por exame de sangue, é possível saber o sexo da criança a partir da oitava semana no ventre da mãe. Antes do ultrassom, popularizado na década de 1980 e da existência das pesquisas eleitorais, se dizia que em urna e em barriga de mulher grávida só se sabia o resultado após a apuração e o parto. A ciência avançou. As pesquisas eleitorais são confirmadas nas urnas. Já em barriga de mulher grávida, o sexo da criança é conhecido, antecipadamente, há quase 40 anos. Antes era só depois da metade da gravidez, mas, com a melhora das imagens, entre dois a quatro meses a ultrassonografia diz o sexo. Então, é escolhida a forma de chamá-lo, e, no restante da gravidez as pessoas se referem ao feto por aquele nome, que é escrito pelo médico na foto do ultrassom. Essa certeza de denominação se confunde após o nascimento. O nome não muda, mas a maneira de se referir ao recém-nascido sim.
Por aqui, tempos atrás, o filho caçula (muitos falam “caçulo” quanto se trata de ‘menino-homem’) tinha nome, mas, passava a vida toda, sendo chamado de “Neném”, e depois de casado, “Seu Neném” ou “Dona Neném”. Muitos eram conhecidos por esta alcunha. Fora outros apelidinhos.
Há um produto anestésico, para ser usado quando os dentes estão nascendo. Poderá ser passado na gengiva do lactente, que baba e chora, porque o local incha, dói e coça. O nome é “Nenê Dent”, e ainda hoje é usado. “Dona Nenê”, personagem de “A Grande Família”, um programa de humor da Rede Globo, era a típica mãe e dona de casa, mostrando que adultos continuam a ser chamados pelo mesmo nome da primeira infância.
Tempos atrás, aqui no norte de Minas, quando uma mulher ficava grávida, se dizia que estava esperando neném (que a gente diz “nenén”). De um tempo para cá, novas formas de linguagem foram impostas. Quando engravida, a mulher está “gestante” e espera por um “bebê”. Por influência, e até mesmo imposição dos meios de comunicação, quase ninguém mais fala do jeito antigo. E quando nascem os nenéns, é estranho ouvir se referir àquele serzinho como bebê. Mas como é bom cuidar de menino pequeno! Na hora do dengo, quando se chama a criaturinha de forma carinhosa por apelido, ouve-se “meu bebê”. Também cachorrinhos recebem esse tipo de carinho.
Catito é boneca, mas é palavra que pode ser usada para se referir à criança recém-nascida. Curumim é indiozinho, uma palavra bonita para chamar esses menininhos. Tem uma marchinha de carnaval que diz assim: “mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar, traz a chupeta, traz a chupeta, traz a chupeta pro ‘bebé’ não chorar”.
Aprender a falar é repetir, imitando desde os primeiros balbucios, e quem fala com o neném não hesita em falar dengando. O dinamismo da fala altera tudo rapidamente. Aquilo que é estranho, artificial, importado, imposto, num primeiro momento, noutro, passa a ser falado de forma natural.
Então, na Semana da Criança, presto homenagem aos meninos e meninas, que, quando estão sendo criados dão a quem os cria grandes energia, força e coragem. Depois que os anos passam, os pais se lembram com saudade dos nenéns que povoaram os melhores anos das suas vidas.