A Viagem

Leia Silveira e Délcio Fortes
16/03/2019 às 06:53.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:49

A vida pode ser comparada a uma árvore frondosa, cheia de grossos braços orientados para as diversas direções, cada um ramificado por diferentes galhos mais ou menos espessos, que por sua vez se dispersam em ramificações tortuosas que, afinal, compõem o conjunto harmonioso que nos empresta sombra e frescor, que nos enfeita o horizonte, que nos oxigena o ambiente.

Todas essas variações de sentido, de tamanho, de geometria, de cores e latitudes na realidade representam nossas reais dimensões como seres humanos multidimensionais, ecléticos, que se desenvolvem de forma irregular e heterogênea, sem seguir um padrão comum e repetitivo... Como a árvore somos fortes em alguns aspectos e frágeis em outros, resistindo a furacões num momento e sucumbindo a pequenos abalos em outras ocasiões...

Cada um de nós está pronto em alguns aspectos e inacabado em outros... Somos adultos e maduros em algumas habilidades e infantis e pueris em outras... A vida é como uma roseira que nos premia e perfuma com lindas rosas numa bela manhã de primavera e nos alfineta com seus espinhos pontiagudos na fria tarde de inverno...

A vida é como uma gangorra, uma roda gigante, pois se ora estamos no topo, no cume da montanha, no auge da nossa existência, experimentando os anéis mais coloridos de saturno, de uma ora para outra podemos ficar em baixa, tomar um tombo, A vida é como um labirinto, um enigma, um jogo de azar, um tiro no escuro, uma expedição inédita, uma nau sem rumo, uma trilha desconhecida, uma caverna inóspita, onde jamais saberemos predizer os caprichos do destino.

Mas nenhuma dessas imagens se compara àquela que diz que a vida é um trem no qual embarcamos inicialmente com nossos familiares para uma viagem sem volta... No meio do caminho vamos conhecendo outras pessoas com as quais vamos nos relacionando, umas bem, outras nem tanto... A cada estação, entes queridos, amores, amigos, conhecidos, vão desembarcando, e se retirando de nossas vidas, deixando um vazio em nosso peito e existência... Mas a viagem tem prosseguir e o trem não para... Felizmente em cada estação outras pessoas, caras novas, adentram nosso vagão e assim vamos renovando nossas experiências relacionais e vivências emocionais ao longo dessa viagem psicológica e definitiva... Seu maior mistério, porém, é não sabermos quando nós mesmos iremos descer, em qual estação iremos desembarcar do trem da vida, e é isso que faz mais excitante toda essa experiência...

Interessante é que no início da viagem, no momento do embarque, preocupamo-nos muito com certos detalhes, com certos aspectos, com a bagagem que carregamos, com a aparência que transmitimos, com a maneira de nos vestir, com nosso estilo próprio de falar e comportar, ou seja, com a impressão que queremos causar nas pessoas à nossa volta... Somos cautelosos, indiferentes, distantes e superficiais... Com o tempo, com o decorrer da viagem, relaxamos, vamo-nos apresentando como realmente somos, vamos “quebrando o protocolo”, realmente nos interessando e unindo àquilo que realmente importa, àqueles com quem realmente temos mais afinidade e admiração...

Com o tempo vamos descobrindo que só uma coisa tem valor nesta viagem incerta e inesquecível... Aproveitar ao máximo todos os bons momentos que ela nos proporciona!

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