A bengala emocional

Leila Silveira / Délcio Fortes
06/04/2019 às 05:17.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:07

Estamos plenamente convencidos que a maioria dos sofrimentos emocionais e distúrbios psicológicos advêm da autoestima baixa que carregamos normalmente adquirida nos primórdios de nossa infância, que incorporamos inconscientemente no nosso cardápio de estratégias de relacionamentos.

O ciúme é uma dessas “roubadas” existenciais, ancoradas na insegurança e autodesvalorização do ciumento que arrasa qualquer relacionamento afetivo, seja ele de que natureza for. Embora haja quem defenda que um pouco de ciúme “apimenta” a relação, o fato é que em doses elevadas cria constrangimentos, restringe liberdades, manipula comportamentos, agride psicologicamente o outro (a), instala um ambiente de medo, culminando em tragédias familiares como as que assistimos diariamente nos noticiários da TV, ceifando vidas precoces especialmente de mulheres que, por serem mais frágeis e indefesas, acabam sendo o alvo maior deste terrível distúrbio e descontrole emocional.

Porém, a pessoa alvo do ciumento também tem responsabilidade no processo... Nenhum ciúme ou ciumento prosperará numa relação a dois, caso não houver no início certo consentimento, certa dose de “mais valia” para os dois, uma sensação de “ganha-ganha” para ambos... Ninguém atrai um ciumento de graça! Do ponto de vista terapêutico, os dois devem se tratar, já que um preenche os delírios do outro, satisfaz as necessidades do outro, completa as paranoias do outro...

O ciumento acredita que, se soltar, perde... Do outro lado, uma pessoa também insegura, que “precisa” diariamente de uma dose “chilique” amoroso, que usa de estratagemas sutis para despertar novas crises de ciúmes no ciumento, sempre que precisa “levantar sua autoestima” ou para se sentir desejada ou cobiçada por ele...

Na realidade, é um jogo de gato e rato, com cartas marcadas... Um já sabe o que espera do outro e assim a vida segue... O castigo maior é para o “alvo do ciúme”, que perde sua graça, sua leveza, sua autodeterminação, sua liberdade, seu prazer de viver, além de não ser mais a fonte de satisfação, a bengala emocional daquele a quem se submeteu...

Daí para frente está aberto o caminho para as consequências mais danosas, como sensação de impotência, depressões profundas, agressões físicas, culminando em assassinatos/suicídios face ao vazio instalado na relação.

Na realidade, ninguém é de ninguém! Estamos aqui neste planeta para exercitarmos toda a nossa potencialidade e não para projetá-la doentiamente em alguém por não acreditarmos em nossas próprias forças... Não existem correntes e grilhões para a alma humana!

Quem ama verdadeiramente deixa o outro viver como quer e vibra com seus sucessos!

Cuide bem de você!

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