Aprendiz de escritor: Reflexão sobre o negro na sociedade - por Adilson Cardoso

Jornal O Norte
Publicado em 19/11/2007 às 20:08.Atualizado em 15/11/2021 às 08:23.

Adilson Cardoso



A data de 20 de novembro é dedicada à consciência negra. Escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares em 1695. Hoje, depois de tantos anos que o líder foi assassinado, após ser traído por um companheiro, a luta pela sobrevivência do negro mudou suas armas e exige muito mais estratégias. Com a criação de diversos órgãos de conscientização racial, os direitos ficaram mais aparentes, porém, essa frágil aparência ainda não concebeu legitimamente aos negros os mesmos direitos dos brancos.



Segundo o PNAD, dois em cada três analfabetos no Brasil são negros; na questão profissional, os brancos ganham em torno de 40% a mais. São dados que preocupam, pois na medida em que não há educação, também não há entendimento, e as massas de manobra da sociedade branca continuarão dizendo sim, sendo vilipendiadas em seus direitos e violentadas como pessoas, sem saber o que fazer.



O sociólogo Rafael Osório, membro do Centro internacional de pobreza e colaborador especial do relatório de desenvolvimento humano, racismo, pobreza e violência, falou em certa ocasião, quando se discutia a posição do negro dentro da sociedade atual, que: Os negros não podem esperar séculos até que as mudanças estruturais na sociedade tenham impacto na sua condição de vida. Por isso, a desigualdade racial precisa ser enfrentada tanto com politicas que ataquem as causas de maior incidência da pobreza entre os negros, quanto com medidas que compensem no curto prazo os efeitos da exclusão racial.



A formação do negro no convívio social, após sua pseudo-libertação em 1888, foi sempre servil. Abandonados nas ruas, como fazem com os cães da raça Pitbul, foram se adaptando às migalhas que sobravam das mesas dos brancos, ou trabalhando em subempregos para garantir o pão de cada dia. Porem, não lhes faltam talentos, tanto é que a culinária trazida da África para o Brasil é adorada por grande parte dos brancos, a capoeira  exporta talentos para todo o mundo, inclusive brancos que se adaptaram à ginga.



Na música, há uma infinidade de cantores e instrumentistas que vaga fazendo sucessos  por toda essa fantástica bola azul. No futebol, dispensa comentários. A impressão que se dá é que esse esporte foi criado pela magia da mãe África, porém, ainda faltam as atuações na televisão terem o mesmo valor, os autores precisam escrever mais papéis para que atores e atrizes negros sejam protagonistas. É muito pouco aparecer como chofés, empregadas domésticas, jardineiros e seguranças. É desrespeitosa essa atuação de inferioridade.



A idéia da sub-raça se faz presente em alguns setores, ainda que a luta pela conquista dos espaços tenha sido bastante positiva e contínua. A realidade mostra uma diferença entre a teoria e a prática. Em recepções de grandes eventos, o negro dificilmente aparece. Ao procurar com mais minúcia vão surgindo com bandejas nas mãos, ou quando acontecem os inevitáveis acidentes, lá vem com toda simpatia a turma da vassoura.



A situação social ainda é pior, o negro pobre é mais negro que o negro rico, o número de denúncias de que temos ciência comprova isto. O negro favelado é mais perseguido que o branco. 



Mas o sonho de igualdade de Luther King irriga as veias da esperança. E Viva o negro que não se entrega! O guerreiro descendente de Palmares que não se deixa capturar!

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