ANIVERSÁRIO DE MONTES CLAROS

Dário Teixeira Cotrim – IHGMC

Jornal O Norte
Publicado em 30/06/2014 às 21:25.Atualizado em 15/11/2021 às 16:52.

Dário Teixeira Cotrim – IHGMC

Por Alvará de 12 de abril de 1707 foi concedido ao jovem rapazelho, preador de índios, Antônio Gonçalves Figueira, uma Carta de Sesmarias á margem do rio Vieira, onde ele criou a fazenda dos Montes Claros depois de uma frustrada experiência com os investimentos malfeitos na propriedade de Brejo Grande. Aqui fora montado um ponto de pouso onde os destemidos vaqueiros pudessem aliviar o cansaço das intermináveis jornadas de tanger o gado. Durante algum tempo os agregados da fazenda dos Montes Claros recebiam e despachavam o gado para a zona de mineração. Houve uma época em que os negócios andavam muito bem e por isso necessário se fez abrir uma estrada para a vila de Pitangui, para a distribuição do boi de corte. Com a invasão dos currais de gado no vale do rio São Francisco, praticamente o jovem Antônio Gonçalves Figueira fora a falência e, desanimado com os resultados negativos de seus negócios, retornou-se para a Vila de Santos, na província de São Paulo, onde exerceu ali o cargo de vereador municipal.

A estrada para Pitangui ficou conhecida por Estrada das Boiadas. Em pouco tempo iniciava-se às suas margens um pequeno aglomerado de casas residenciais que recebeu o nome de Cruzeiro. Eram algumas dezenas de casinhas de sapê, e todas elas tendo a parte frontal pintadas com o barro da tabatinga. Neste pequeno povoado existia uma vetusta capelinha onde o padre Teotônio Gomes de Azevedo dizia missa todos os domingos e nos dias santificados. Cruzeiro ficava muito próximo à antiga sede da fazenda dos Montes Claros. Devido a uma peste de varíola, que dizimou mais da metade da população daquele pequeno povoado, inclusive o padre Teotônio Gomes de Azevedo, vigário que cuidava das almas ali existentes, o povoado entrou em estado de deperecimento. Os sobreviventes foram fincar moradas nas adjacências da nova sede da fazenda. Antes, porém, o alferes José Lopes de Carvalho já havia solicitado uma licença para a imediata construção de outra pequena capela (esta iniciada em 18 de junho de 1769) e, posteriormente autorizavaaos seus servos a construção da nova sede (a Casa de dona Eva Bárbara Teixeira da Carvalho).

Assim nascia a Vila de Montes Claros de Formigas. E isto se concretizou posteriormente com a assinatura da lei de 13 de outubro de 1831, por Francisco de Lima e Silva, tornando este município independente do distrito de Serro. Não houve nenhuma comemoração neste dia, apenas reuniões políticas definindo os rumos dos acontecimentos. Um sem números de pessoas as mais influentes com o poder político manifestava com o intuito de organizar as papeladas que deveriam sacramentar de uma vez por todas a autonomia da vila. A Vila de Montes Claros de Formigas iniciava ali os seus primeiros passos. Ainda não eram passos firmes, mas já era o bastante para obter vida própria. Na véspera do dia 13, no proscênio da Praça da Matriz e nos canteiros das sinuosas e empoeiradas ruazinhas, morriam tristemente flores amarelecidas à medida que outras iam nascendo, viçosas e coloridas, para saudar um novo tempo. Um tempo de um novo sonho!

Um ano e três dias depois, exatamente na data de 16 de outubro de 1832, era instalado festivamente o município de Montes Claros de Formigas, com Câmara Municipal, Cadeia Pública e o nefasto Pelourinho. A primeira Câmara Municipal de Montes Claros de Formigas era composta pelos seguintes vereadores: José Pinheiro Neves (presidente) Lourenço Vieira de Azevedo Coutinho, Luís de Araújo Abreu, Antônio Xavier de Mendonça, Francisco Vaz Mourão e Joaquim José Marques. Neste dia a folia tomou conta das poucas ruas do vilarejo, fogos de artifícios estouravam pelos ares e os coloridos bolões subiam aos céus para saudar o novo amanhecer. Era a vila de Montes Claros de Formigas uma filha nobre que trazia no seu seio a energia da juventude. A sua alma de menina-moça desmanchava em felicidades com o primeiro albor do dia seguinte e também à esperança que envolvia as pessoas sem mágoas e sem contestação.

Nas comemorações das Bodas de Prata, por determinação da Lei provincial de número 802, de três de julho de 1857, o senhor Joaquim Delfino Ribeiro da Cruz, oficial da Ordem da Rosa e vice-presidente da província de Minas Gerais presenteava a vila com o seguinte artigo: “Fica elevada a categoria de Cidade a vila de Montes Claros de Formigas coma a denominação de Cidade de Montes Claros”. Um século depois foi comemorado o seu Centenário. Naquela ocasião, por solicitação do prefeito municipal, todas as casas da zona urbana foram repintadas a cal virgem com bisnaga ‘xadrez’ de cores diferenciadas o que levou o poeta Luiz de Paula Ferreira a compor esta linda canção: Montes Claros, vovó centenária/ tu estás tão bonita de vestido novo/ vê tuas ruas, vê tuas igrejas/ olha só a alegria do povo!/ Eu relembro teu nobre passado/ de lutas e glórias e tantas belezas,/ teu luar, tuas serenatas/ e o labor de teus filhos criando riquezas. Parabéns Montes Claros, “cidade coração robusto do sertão mineiro”.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por