Amor verdadeiro

Jornal O Norte
28/11/2005 às 11:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:54

Franklin Chaves e Eurico Rodriguez *

Eis aqui uma historia que meu coração ousou criar especialmente para você... Ela poderia ter todos os nomes do mundo... Mas ela tem o seu sorriso, e isso basta!!!

Um dia, uma velha senhora, já cansada dos anos de sua vida, no leito do hospital, esperava o vôo de sua alma em direção ao triunfo eterno dos bem aventurados, já que em vida tristezas e melancolias sempre a acompanharam. Foi de certo feliz em alguns momentos; apaixonou-se, casou-se, brindou e até sorriu de suas alegrias pequenas. Mas agora, já no seu adiantar da idade, ela percebeu que suas tristezas e melancolias foram muito maiores que suas ínfimas alegrias, pois sua busca incessante nunca lhe foi possível conquistar: O amor verdadeiro.

Mas, naquele solitário dia, em que só parecia lhe restar a morte, ela se deparou com o que havia buscado e não conquistado em toda sua vida: adentrou em seu quarto um velho senhor, que aparentava ter a mesma idade que ela... E com ele, carregando em seu coração o seu amor verdadeiro.

Em meio às rugas do velho senhor, ela o reconheceu, ele estava muito mais velho de quando ela o viu pela última vez, mas ainda conservava o brilho dos seus olhos, que sempre transmitiu conforto, sinceridade e uma estranha sensação de alegria. Ela lembrou-se de quando eram jovens, em seus 20 anos de idade; era seu grande amigo. Riram muitas vezes juntos, cantaram, dançaram e brigaram sempre juntos. Tinham um para o outro um carinho inexplicável, confiavam-se mutuamente, eram  fortaleza demasiada segura um para o outro...

Ele a amava verdadeiramente, mas ela não conseguiu decifrar seu próprio coração e perceber que ela também o amava de verdade.

Mas o rio da vida os separou, cada um trilhou seu caminho. Depois de anos de cumplicidade e convivência, se distanciaram, e nunca mais se viram. Mas no coração dos dois permaneceu um recolhido amor verdadeiro não decifrado, e tinham a estranha certeza de que um dia os dois, mesmo em tempos distantes, se reencontrariam para ver e sentir um ao outro assim como antes.

O velho senhor a olhava como se contemplasse a mais bela aurora que a natureza não foi capaz de criar. Ele tinha um andar vacilante, mas firme e constante. Parecia exigir buscar as forças que lhe faltavam, no brilho do olhar do seu grande amor, que parecia lhe dizer para continuar, porque só ali, naquele momento, ela percebera que estava diante do seu amor verdadeiro. Ao sentar ao lado da velha senhora em seu leito,  foi como se o tempo não tivesse passado e nunca os separado. Ambos sorriram graciosamente, e para eles - nesse momento - nada mais importava, nada mais existia; o tempo parou.

Uma lágrima correu a face da velha senhora por só ter percebido agora que sempre teve em seu coração a certeza de que ele era seu grande amor. Ela tirou forças da alma e do sorriso do velho senhor, pois a doença incurável havia há muito corroído seu corpo, mas ambos - na proximidade da hora inadiável - encontraram os últimas alentos para tocar um ao outro, dizer o quanto se amavam, o quanto se desejavam.

Perceberam, então, o quanto a espera de toda uma vida fora recompensada; pelos mais belos dos sorrisos, a mais sincera lágrima e o mais puro e imutável amor compartilhado.

O velho senhor declarou para sua amada, com uma voz doce e singela:

- Eu te amei desde a primeira vez que a vi e te amarei por todo o sempre.

Nesse momento correu uma lágrima das mais sinceras no olho e na alma e, tirando as forças que já a haviam abandonado, a senhora pronunciou com uma voz que não parecia pertencer àquele corpo frágil:

- Agora sei que sempre te amei, não só por ser quem você é, mas a pessoa que sou quando estou ao seu lado, e agora percebo que, mesmo distante de corpo, sempre fui feliz, com as lembranças que me deixou. E, agora, me sinto capaz de abraçar serenamente a morte, pois o sonho de uma vida inteira foi conquistado, não importando quanto tempo durou. Por esse sonho eu esperaria toda a eternidade.

Nesse momento, o velho senhor carinhosamente aproximou-se da face da mulher amada, afagou delicadamente seus cabelos e permitiu que lhe escorressem lágrimas dos olhos, esses que sempre se lembraram do seu amor, não importando o tempo e a distância. Sempre se lembrariam dela como da primeira vez que a viram, com seu sorriso lindo e seu esplendor eterno. E seus lábios, pela primeira vez, tocaram os dela, e a felicidade naquele momento  não poderia jamais ser calculada.

Ele reergueu-se e percebeu que seu grande amor tinha partido com um lindo sorriso no rosto; ele segurou sua mão e, vagarosamente, se pôs deitado ao lado dela, e também partiu, pois não mais viveria um segundo sequer longe do seu verdadeiro amor.

* Alunos do curso de Jornalismo da Funorte

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