Ronaldo José de Almeida *
Na manhã de sábado, resolvi sair para comprar o jornal. Estava interessado nos noticiários do Rio de Janeiro ou de São Paulo e sabia que só encontraria os informativos do dia anterior. É que os exemplares só chegavam ao final do dia, devido ao transporte aéreo.
No trajeto, passei pela barraca do Raimundo e parei para tomar água de coco, enquanto bebia a pequenos goles, saboreando aquela maravilha da natureza. Ouvi então uma voz familiar pedindo também um coco.
Imediatamente virei-me para confirmar o que eu já sabia. Ali estava, radiante como o sol em pessoa, ela, a minha musa, Adriane Galisteu.
Ela montava numa bicicleta, vestia um conjunto de saia e blusa azul claro, de cabelos soltos, sandálias de borracha, completamente à vontade e bastante simples, contrastando com o luxo com o qual acostumei a vê-la na televisão.
Imediatamente recebi o coco que Raimundo estendia para ela. Antes, porém, o enxuguei, para depois lhe repassar.
Educadamente ela agradeceu e ficamos ali, lado a lado, tomando água de coco. Perguntei-lhe onde estava hospedada, tendo ela respondido.
- Estou hospedada no Itacaré Resort, chequei ontem.
- Muito luxuoso aquele Resort, está gostando?
- Estou adorando, aqui é natureza pura e encontrei a paz.
-O lugar é simplesmente maravilhoso, mas ainda não visitei nem uma praia.
- Ainda não fui a lugar nenhum.
- Olhe Adriane, se você quiser posso lhe ciceronear, conheço bem a região.
- Venho aqui há muitos anos, e tenha certeza que terei enorme prazer nesta tarefa.
-Que bom, aceito com alegria. Que tal amanhã bem cedo?
-Para mim está ótimo.
-Então estamos combinados. Amanhã, lá pelas 7 horas, certo?
- Certíssimo, Adriane, passo no resort bem cedo.
Minha musa beijou-me levemente na face, montou a bicicleta e saiu fulgurante, retornando ao seu passeio.
Aquela noite nem dormi direito. Não parava de pensar na loura maravilhosa e no passeio programado.
Às 7 horas já estava a postos na sala do resort. Como conhecia os funcionários, fiquei por ali conversando até que Adriane chegou.
Estava mais linda ainda, trajando um mini-short branco com a blusa amarrada e entreaberta deixando transparecer parte dos seios.
Trazia consigo uma cesta de virga trançada, com tampa, e na outra mão um bonito chapéu de palha com motivos marinhos.
Cumprimentou os funcionários, segurou a minha mão e praticamente me arrastou para o carro.
Nem preciso dizer que tal gesto me encheu de orgulho, deixando os funcionários do resort admirados e, logicamente, mortos de inveja.
Entramos no meu jeep amarelo, ano 1.951, verdadeira pérola, e partimos rumo às piscinas naturais do Papa Gente, localizado entre os recifes de corais, parecendo aquários naturais onde podem ser vistos várias espécies de peixes, corais e crustáceos.
Durante o trajeto fomos conversando sobre a cidade e a região.
- Estou encantada com tudo isso. Que maravilha - disse a loura.
- O governo do Estado da Bahia está investindo em Itacaré, construindo estradas e melhorando a infra-estrutura da cidade.
Durante muitos anos, o acesso difícil - mais de 50 km de estrada de terra - manteve Itacaré fora do tempo. Em 1.998 foi terminada a estrada de asfalto que liga Ilhéus a Itacaré, trecho da BA-001, fato amplamente divulgado pela imprensa nacional.
A cidade conservou todo o charme do passado. Suas praias ficaram intocadas. Itacaré continua sendo o refúgio dos amantes da natureza, do surf, da capoeira e da Bahia autêntica. Muitos bares e restaurantes fazem da noite de Itacaré uma das mais animadas da região.
- Estou impressionada, você realmente conhece a historia da região.
Chegando à praia, Adriane logo procurou um local mais à sombra.
Tirou a roupa, ficando somente de biquíni, chamando a atenção de todos os presentes tanto pelo o corpo escultural quanto pela sua fama.
Não faltaram admiradores a lhe pedir autógrafos e permissão para fotografá-la.
Aos poucos foram dispersando-se, e podemos usufruir um pouco de tranqüilidade.
A minha musa nadava maravilhada na piscina natural, misturando-se com os peixes.
Ao meio-dia aproximadamente fizemos um pequeno lanche na barraca local, à sombra natural provocada pela montanha, descansamos um pouco.
O aparelho de som estava ligado na FM de Ilhéus e tocava o hit “I cant stop loving you”, na voz inconfundível de Ray Charles, criando um clima romântico que enterneceu a deusa loura que me ofereceu seus lábios.
Depois deste beijo, Adriane passou a me chamar de amor e andávamos abraçados.
Era a realização de um sonho.
Ao cair da tarde, com a praia já vazia, ainda permanecíamos na piscina natural entre beijos e abraços.
O clima era de total romantismo. De repente, Adriane começou a despir-se e a olhar-me fixamente com seus belos olhos da cor do mar.
Ajoelhou-se, abraçou-me e, em seguida já completamente nua, puxou-me para a toalha estendida na areia.
Ato contínuo acordei com batidas na porta do quarto.
Era meu cunhado, Reginaldo, chamando-me para assistir ao jogo na televisão.
* Advogado e escritor
rjornalista@yahoo.com.br