*Manoel Hygino
Estados Unidos expulsam de seu território chineses que faziam espionagem. O tema é atraente e desperta o interesse de estadistas, políticos, historiadores e jornalistas. Não há novidade. No tempo da Guerra Fria, as duas mais poderosas nações do planeta pareciam disputar quem espionava mais, quem colhia mais informações privilegiadas ou secretas, prevenindo-se para o futuro.
Ora, a dissonância entre governos dos Estados Unidos e Brasil é perfeitamente compreensível, embora os liames históricos entre os precursores da independência. Tiradentes se inspirou nas ideias pioneiras da grande nação do Norte. Como entre as pessoas, as relações não são sempre iguais entre países e povos. Em determinado momento, quase na metade do século XX, o Brasil pareceu afinar-se com Berlim e Roma, mas acabou unindo esforços para derrotar Hitler e Mussolini.
Bem a propósito foram as declarações de um diplomata americano a Carlos Alberto Montaner, jornalista e escritor cubano, autor do aplaudido “Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano”, em parceria com o peruano Vargas Llosa e o colombiano Plínio Apuleyo Mendoza.
Depois do comentadíssimo noticiário sobre recente episódio de espionagem americana no Brasil, cujo autor se refugiou na Rússia, resultando numa série de desentendimentos entre Brasília e Washington, o ex-diplomata, que pede não ser citado nominalmente, confessou a Montaner e publicou no “Miami Herald: “Do ponto de vista de Washington, o governo brasileiro não é exatamente amigável. Por definição e história, o Brasil é um país amigo que ficou do nosso lado durante a II Guerra Mundial e na Coreia, mas seu atual governo não é”.
O Brasil se tornou aliado e parceiro de nações e dirigentes, como a Venezuela de Chávez e Maduro, Cuba dos Castros, o Irã, a Bolívia de Morales, a Líbia nos tempos de Kadafi, e mesmo a Síria, de Assad. O próprio ex-presidente Lula levou investidores à ilha do Caribe para investirem em empreendimentos, como o porto de Mariel.
O diplomata cita pessoas e fatos: “A influência cubana no Brasil é secreta, mas muito intensa. José Dirceu, ministro mais influente de Lula, tinha sido agente dos serviços de inteligência cubanos. No exílio em Cuba, teve o rosto cirurgicamente alterado. Voltou para o Brasil com uma nova identidade e funcionou nessa condição até que a democracia foi restaurada. De mãos dadas com Lula, ele colocou o Brasil entre os principais colaboradores com a ditadura cubana. Caiu em desgraça, porque era corrupto, mas nunca recuou um centímetro de suas preferências ideológicas e de sua cumplicidade com Havana.
Algo semelhante acontece com Marco Aurélio Garcia, atual assessor de política externa de Rousseff. Ele é um contumaz anti-ianque, pior que Dirceu mesmo, porque é mais inteligente e teve melhor formação”.
O diplomata diz ainda: “isso não é tudo. Há outras duas questões sobre as quais os Estados Unidos querem ser informados sobre o que acontece no Brasil, pois, de uma forma ou de outra, elas afetam a segurança dos Estados Unidos: a corrupção e as drogas. O Brasil é um país notoriamente corrupto e tais práticas afetam as leis dos Estados Unidos: quando os brasileiros utilizam o sistema financeiro americano e quando eles competem de forma desleal com empresas norte-americanas, recorrendo a subornos ou comissões ilegais”.
