Agora, o mensalão de Brasília

Jornal O Norte
01/12/2009 às 11:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:18

Dirceu Cardoso Gonçalves


Dirigente da Aspomil

O novo mensalão, surgido em Brasília, causa náusea. O governador José Roberto Arruda foi filmado com a mão no dinheiro vindo de empresas com interesses no governo e destinado a pagar propinas a membros do próprio governo e a parlamentares. Até os dirigentes do seu partido – o DEM – classificam o quadro como “devastador” e sugerem que Arruda saia para não ter de ser expulso.

A polícia e a justiça trabalharam com extrema competência ao adentrar a área intestina do governo e identificar eletronicamente o esquema de propina que, segundo o apurado, já era vigente no Distrito Federal desde o governo passado. O governador, o vice-governador, secretários e parlamentares terão de oferecer muitas explicações e, mais que isso, provas para tentarem se safar. Não basta a justificativa de que as denúncias são apenas chantagem e vingança de adversários políticos.

Ainda ecoam na mente do brasileiro os lamentáveis e nojentos mensalões mineiro e federal, onde a maldita propina, que tanto prejudica o país e o povo, corria solta em benefício de autoridades e figuras até então acima de qualquer suspeita. Também continua na lembrança popular o vampiresco episódio dos sanguessugas, onde políticos roubavam dinheiro público destinado à Saúde. Isso sem contar outros casos tão ou mais malcheirosos. O mais triste é contatar que, de todos os escândalos, restaram muito poucos punidos. Os principais envolvidos acabaram protegidos por imunidades, corporativismo e, principalmente, pela impunidade que grassa em nosso país.

Esses episódios, infelizmente, justificam a fama negativa hoje reinante sobre a classe política. Altamente merecida pelos falcatrueiros, mas injusta aos parlamentares e  homens públicos sérios, que agem dentro dos padrões éticos e morais e cumprem com seus deveres. O próprio governador do DF foi personagem, em 2001, quando era senador, do escândalo de violação do painel de votação do Senado e foi obrigado a renunciar para evitar ter o mandato cassado. Depois elegeu-se deputado federal e, agora, governador.

Tornou-se hábito os políticos errantes renunciarem ao mandato para evitar as punições e a inelegibilidade decorrentes da cassação. Isso tem permitido que figuras da mais alta perniciosidade continuem na vida pública, que deveria ser reservada exclusivamente aos de boa conduta. Para evitar o mau rótulo que a população cada dia mais coloca sobre todos os políticos, os bons têm a obrigação de reagir contra o corporativismo e a impunidade e exigir que todos os faltosos comprovados, independente de partido, de linha ideológica ou religiosa, paguem na justa medida pelas falhas e crimes cometidos.

É urgente e do mais alto interesse nacional a necessidade de que a classe política volte a gozar do respeito da população. Mas, para que isso aconteça, é preciso providenciar da forma mais justa e transparente a punição de todos os que cometeram deslizes na vida pública. Também há que se criar mecanismos que evitem a repetição das irregularidades. Para o bem geral, o político não pode continuar sendo confundido com embusteiro, falcatrueiro ou ladrão...

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