Luiz Carlos Amorim
Escritor e editor
http://br.geocities.com/prosapoesiaecia
É Páscoa. No final do ano, antes do Natal, falamos, em outra crônica, que precisávamos contar as nossas crianças o significado daquela festa maior, para que não crescessem pensando que ela era apenas luzes, enfeites e presentes e a desvinculassem do nascimento do Menino que, homem, morreria e ressuscitaria, subindo ao céu.
Bem, a Páscoa também não é simplesmente ovos e coelhos de chocolate. A palavra Páscoa vem do hebraico e significa “passagem”. Os judeus comemoravam esse dia antes mesmo do nascimento de Cristo, desde há muito tempo, então com outro sentido: o de liberdade, ou seja, a libertação de anos de escravidão no Egito. Para os cristãos, a Páscoa passou a celebrar o renascimento de Cristo, a passagem dEle deste mundo para o Pai.
Páscoa, então, é renascimento, renovação, libertação. Época de repensar a vida e renová-la, de refletir sobre o Menino que se tornou homem, morreu e ressuscitou, elevando-se ao céu, provando aos homens que há uma força divina, maior, regendo nossos destinos.
Lembrei, então, da solidariedade que podemos exercitar, olhando para o lado e prestando atenção no irmão menos privilegiado do que nós. Assim como já havia feito em um Natal, numa Páscoa algo distante da minha vida resolvi fazer pequenos pacotes com ovos de chocolate, bombons e balas, coisa simples, quase simbólicas, que eu tinha pouco pra dividir. E fui, num sábado de aleluia, distribuí-los às crianças de uma comunidade carente. As dezenas de pacotes quase não foram suficientes para as muitas crianças, que ficaram felizes, pois aquilo era tudo que teriam naquela Páscoa. Dava para ver, pelo brilho dos olhos e pelo sorriso estampados nos rostos, que estavam felizes. Pena que não pude explicar o significado dos ovos e coelhos, símbolos da Páscoa, a razão porque eu estava oferecendo aquele presente.
Poderia ter falado a eles sobre o coelho, que apesar de não botar ovos, assumiu o papel de produtor e entregador dos ovos de Páscoa, pela sua notória capacidade de reprodução, símbolo da fertilidade. E que o ovo representa a pureza e a fertilidade, um símbolo da vida, daí sua relação com a ressurreição de Cristo.O ovo é como a eternidade, não tem começo nem fim.
Recentemente fui visitar uma creche, destas que assistem crianças de famílias carentes, que deixam lá os filhos pequenos porque têm que trabalhar. E vi lá uma mesa enorme coberta de cestinhas, enfeitadas, mas vazias. Explicaram-nos que, como a creche sobrevive de doações, e às vezes falta até comida, não têm como encher as cestas.
Então resolvi ajudar, colocar algum recheio nas cestas. E dessa vez foi da maneira correta, pois as crianças, pelo menos aquelas que já podem entender, estão aprendendo o significado da Páscoa.