Solon Diniz Cavalcanti
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Do século XIV ao século XVI aconteceu um grande movimento de renovação literária, artística, científica e filosófica na Europa, começando na Itália, sob a influência da cultura clássica greco-romana. A renovação denominada Renascença marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. Esse momento, dos mais importantes da história da humanidade, particularmente na formação da concepção moderna do homem, trouxe avanços inequívocos para o ressurgimento do humanismo, após o longo período medieval.
A característica humanística se configura na redescoberta dos escritos clássicos da filosofia. A primeira impressão de um livro, o surgimento da filologia clássica, e um novo modelo social, político e religioso, eis o quadro onde é pintada a concepção antropológica que daria os contornos ao homem moderno.
Uma grande contribuição a essa nova estrutura humana aparece devido a incapacidade da Igreja Romana de providenciar uma referência estável para a vida material e espiritual do homem medieval, e o surgimento das monarquias nacionais com suas línguas substituindo ao latim, as cidades-Estado, e os cismas ocorridos na Igreja.
As manifestações que desembocaram no humanismo moderno principiam no século XII, e já no séc. XIV Coluccio Salutati, chanceler da República Florentina, contrariando os pensadores medievais no que se refere a “vontade” do homem, expressa uma posição bem humanista dizendo ser a vida ativa superior à vida contemplativa:
“Que eu, ao contrário, esteja sempre imerso na ação, atento ao fim supremo, que cada ação minha seja proveitosa para mim, para minha família, para meus parentes, e, o que é ainda melhor, que eu possa ser útil aos amigos e à pátria e possa viver de modo a servir à sociedade humana com exemplos e obras.”
A Renascença se opõe à Idade Média e a tudo o que ela representou. Enquanto na Idade Média o que se buscava era enquadrar o homem em busca de uma categoria universal e abstrata, agora se queria chegar ao indivíduo concreto, racionalista.
Através de Descartes o século XVII inaugura a modernidade graças aos efeitos do Humanismo Renascentista. Estabelece-se uma nova maneira do saber filosófico. Se na filosofia clássica a compreensão sobre o homem partia da Física, agora a Metafísica era o ponto de partida. Os fundamentos cartesianos são “a subjetividade do espírito como res cogitans e consciência-de-si; a exterioridade (concebida mecanicisticamente) do corpo com relação ao espírito” (VAZ,Henrique). É uma verdadeira revolução, pois rompe com toda a estrutura do pensamento clássico que pautava o pensamento da Igreja sistematizado por Tomás de Aquino, segundo o mesmo texto de Vaz. Aliás, algo que a Renascença já vinha realizando, a inversão da contemplação pela ação. Está assim aberto o caminho para a formação do homem moderno.
O homem que age está voltado para as coisas de baixo, ao contrário do homem que contempla e busca as coisas que são de cima. Sai a humanidade de um extremo e pula em outro. Temos, agora, um homem pragmático, materialista, individualista, egoísta, extremamente competitivo.
O Evangelho do Senhor Jesus aponta para um homem equilibrado, submisso a Deus e, que demonstra o seu fervor se tornando um canal de bênçãos para os seus semelhantes. Prioriza as coisas celestiais, sem ser ausente nas sociais. “A fé sem obras é morta.” (São Tiago)