Avay Miranda
Taiobeirense, juiz aposentado residente em Brasília
Com a possibilidade da extinção total do pequi, no Município de Taiobeiras, as lideranças do Município se despertaram para lançar campanhas de preservação daquele fruto, conscientizando os moradores da região a não deixarem cortar o Pequizeiro e impedir a colheita do fruto verde, reservando a sua apanha na época correta.
Surgiram várias idéias. Mas, a melhor até agora, foi a realização anualmente da Festa do Pequi. Coube à Associação dos Moradores de Lagoa Grande, Lagoa Dourada e Lagoa Seca, tendo à frente o seu Presidente, Silvano Ferreira, que foi Vereador na cidade, a iniciativa de promover a primeira “Festa do Pequi”, na Lagoa Grande. Contou com a pronta colaboração da EMATER-MG, da Prefeitura Municipal e do Centro Cultural “Maciel Rêgo”, de Taiobeiras.
Assim, a Primeira Festa do Pequi foi realizada nos dias 26 e 27 de fevereiro de 1994, com uma vasta programação. Daí para frente em todos os anos, no mês de fevereiro, é realizada a festa do Pequi, com palestras e gincanas sobre aquela fruta do cerrado, não só para conscientizar as pessoas para a preservação daquele fruto, como para promover o folclore do Município.
Com a ocupação desordenada do cerrado, criou-se a possibilidade concreta da extinção do pequi. Então, alguns Municípios tiveram a iniciativa de promover a defesa daquele fruto, aprovando leis municipais de sua proteção. Por exemplo, em Taiobeiras vigora a Lei n° 968, de 05.12.2001 e em Montes Claros vigora a Lei n° 3.568, de 19.05.2066, que proíbem o corte do Pequizeiro e a colheita do fruto verde.
Com o criminoso desmatamento, especialmente com o reflorestamento de eucalipto nas nascentes dos rios da região do cerrado, quase todos os rios e córregos tornaram-se periódicos. Assim aconteceu com o então caudaloso Rio Itaberaba, no Município de Taiobeiras, que vem secando em todos os anos.
O Rio Itaberaba começa com o Córrego do Atoleiro ou Lameiro, depois vai engrossando suas águas com os Córregos: da Lagoa Suja, Córrego Vargem Grande, formado pelos Córregos Santo Antonio, Pau Alto e Covão, se junta com o Córrego Novato, Mariante, Córrego do Cubículo e da Cachoeira, todos do lado esquerdo. Esta região foi totalmente desmatada, com a retirada da vegetação natural e reflorestado com o plantio de eucalipto, o que ocasionou a secagem do Rio, que antes era caudaloso.
Até mesmo o pomposo Rio Pardo, devido ao desmatamento e à utilização de sua água para irrigação em suas margens, no pique da seca ele vem cortando do Município de Taiobeiras para baixo, causando enormes problemas de abastecimento.
A ocupação desordenada do cerrado, no Norte de Minas, causou vários transtornos para os Municípios. Se para a sua implantação o reflorestamento gerou empregos periódicos no início, depois de implantado, o reflorestamento produziu desemprego na região, com a agravante de que as terras eram de domínio da RURALMINAS e foram arrendadas às reflorestadoras por períodos de 30 anos, alguns contratos renováveis.
Outro transtorno causado pelas reflorestadoras, pois, elas ocuparam as terras arrendadas da RURALMINAS, adquiriram todas as posses e as pequenas glebas que circundavam o cerrado, onde o micro produtor mantinha sua família com um pequeno sítio, que possuía a sua chácara de café, criava o seu porco e galinhas, tinha a sua pequena roça de cana-de-açúcar, que dava até para fabricar cachaça, que é muito famosa na região.
Tendo vendido a sua pequena propriedade, o agricultor foi obrigado a ir para a cidade, o que produziu uma inchação da zona urbana, exigindo mais infra-estrutura e serviços sociais das Prefeituras. Aquelas várzeas, que ficavam nas nascentes e ao longo dos córregos, fazendo o limite do Cerrado com a terra de primeira qualidade, contribuíam para que os Municípios do Vale do Alto Rio Pardo fossem grandes produtores de semente de capim, farinha de mandioca, rapadura, requeijão, queijo e cana-de-açúcar, para o fabrico de cachaça, no ano que chovia normalmente, propiciando ao agricultor ter sempre alguma coisa, como um frango, uma leitoa, ou outro produto da roca para ser vendido na feira, para o sustento de sua família.
Com as constantes exigências dos Órgãos Governamentais para o funcionamento de carvoeiras, com estreita vigilância na qualidade de vida oferecida aos trabalhadores na extração e transformação da madeira em carvão, bem como da observância dos princípios da preservação do meio ambiente, que as empresas reflorestadoras estão se adaptando a um reflorestamento mais adequado e que não agrida tanto o meio ambiente.