Wilson Silveira Lopes
Advogado, servidor público municipal
Conforme relatório de 2008, a International Transparency que você leitor encontra facilmente na internet, trouxe dados tristes e porque não dizer lamentáveis, nos quais o Brasil situou-se em 80° lugar, com nota 3,5 do máximo 10, no ranking da corrupção.
Neste relatório perdemos para países como Tunísia e Gana onde práticas de corrupção são consideradas mais leves do que aqui.
Penso que o quadro acima traçado pode ser reduzido a uma palavra: virtude. Esta como símbolo de tudo o que é bom; como indicativo natural de qualidades morais e espirituais, distinguida na ação austera e eficaz como prática no dia-a-dia do ser humano.
Sempre fico a perguntar o que fazer com a educação, com a saúde, com o desemprego, com a falta de moradia? Porquê isso tudo vai sempre muito mau, embora a maioria do nosso povo seja boa gente e mereça melhor tratamento?
Estou convencido de que todos nós precisamos antes de qualquer coisa, volvermos os nossos olhos, atitudes e atos para o epicentro do problema: nosso lar, nossa casa!
É neste lar, nesta casa, que a corrupção começa e se desenvolve, levando ao resultado final do que acima estou perguntando.
Apenas um exemplo de um “grande presente” que a Rede Globo de Televisão oferta à família brasileira quase todos os dias na sua novela “Caminhos das Índias”.
Quem de vocês nunca viu aquele pai safado, debochado e desonesto, com a sua mulherzinha também safada, debochada e desonesta, incentivando o filhinho paparicado e mimado à prática dos seus mesmos atos levianos e desonestos por excelência, mandando-o aos caminhos da corrupção, permitindo-lhe a devassidão de comportamento?
Isto é ou não é um “grande presente” a ser seguido por nossa juventude já tão perdida e desamparada?
Embora a nossa índole seja boa é preciso muita força moral para enfrentar fatos que denotam franca corrupção familiar como esse, porque a ele vem agrupado a ideologia massificante que se esconde por trás de mensagens suaves, discretas, ditas do “politicamente correto”, travestidas de informações que permitem o abuso e tolerância completa; o agir indisciplinadamente, a rejeição da noção de limites, na busca incessante de inibir cada vez mais o exercício da autoridade nas escolas e na família.
Nas palavras do prof. Percival Puggina as ações que desmoralizam a Nação são muitas, dentre elas, “Ações contra a identidade nacional. Elas envolvem reescrever a história do Brasil de modo a promover a cultura do ajuste de contas, da vingança e do resgate imediato de dívidas caducas. Denegrir o passado, borrar a imagem dos nossos grandes vultos, construir estátuas para bandidos e exibir, como novos modelos da nacionalidade, os peitos e bundas dos heróis e heroínas do BBB.
Ações contra a alma e a consciência das pessoas. Elas envolvem rejeitar, combater e, quando isso for inútil, tornar irrelevante a idéia de Deus. Sustentar que pecado é conceito medieval e que coisas como bem e mal são muito relativas, dependentes dos pontos de vista e da formação de cada um. Declarar obsoletos o exame de consciência, a coerência com a verdade e a retificação das condutas. Aceitar como válido que o erro de um sirva para justificar o erro de outro. Canonizar o deboche e debochar da virtude. Combater a Igreja desde fora, pela via do ateísmo militante, e desde dentro, invadindo os seminários com literatura marxista.” *
Deste modo então é possível entender o relatório da International Transparency, pelo qual devemos nos sentir aviltados e humilhados com tantos desmandos dos canalhas e bandidos que pululam pelo país afora na fome insaciável da corrupção sem peia, descarada, sem piedade e sem pudor.
“Como se decompõe uma nação”, artigo publicado no Mídia Sem Máscara de 28 de abril/09. O prof. Puggina é arquiteto, empresário, escritor e conferencista.