Antônio Augusto Souto
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Sempre que venho aqui,
a este remanso de quase sonho,
ao acordar-me, toda manhã,
gosto de ficar olhando, da varanda,
aquele monte negro granítico,
no fim do lago.
Concentro-me
em pequena mancha verde,
no meio da escarpa íngreme:
parece oásis,
no inóspito deserto
quase vertical
da pedra lisa.
Usei binóculo, várias vezes:
vi árvores poucas,
muitos arbustos
e matinho inexpressivo.
Não vi fonte ou qualquer água,
mas vi terra talvez fértil
(a chuva, aqui, é regular).
Sempre vem a tentação
de escalada: levar mudas
de frutíferas, manga, goiaba,
araçá, pitanga, mamão...
e plantá-las, para que,
um dia, frutifiquem
e alimentem passarinhos
que façam ninhos,
procriem e enfeitem
o horizonte.