Dário Teixeira Cotrim *
Sobre a crônica “Professora: uma invenção de Deus!” eu tenho recebido alguns e-mails que, se não resolvem, nos confortam sobremaneira. Dentre eles citaremos alguns fragmentos para o melhor entendimento dos meus leitores. Iniciaremos com a análise de padre Antônio Alvimar Souza que foi decisivo na sua percepção sobre o assunto. Disse-nos ele que: “de fato estamos vivendo em um mundo de inversão de valores. Sua reflexão é importante neste momento em que necessitamos juntar forças para criar uma sociedade melhor”. Aliás, ninguém melhor do que o padre Alvimar para compreender a bancarrota em que vive o setor educacional em nosso país. Nesta mesma linha de raciocínio o acadêmico Petrônio Braz entende que eu fui “corajoso” ao abordar o assunto. Pode ser seja verdade, não acredito. Entretanto, a nossa maior indignação configura-se na “inversão de valores” que hoje é incutida no seio de nossa sociedade, desprezando e desvalorizando a figura ilustre da lente educadora.
Ora, paralelamente ao padre Alvimar, disse-nos a experiente Delegada de Polícia, doutora Maria Neusa Rodrigues, num desabafo de igual teor: “Tenho certeza que, caso [a professora] tenha lido o seu artigo, sentiu-se reconfortada. O mundo seria bem diferente se as pessoas fossem mais realistas para com a situação que estamos vivendo. Total falta de respeito em todos os níveis. Na escola, quem dá as cartas é o aluno, daí, a crise nos educandários. Os pais, realmente, têm grande parcela de culpa, pois, são os primeiros educadores dos filhos, no entanto, na atualidade, com raras exceções, são vazios de vidas guiando vidas. Irresponsáveis, e o que é pior, o rebento malcriado é tido como vítima”.
Á luz desses argumentos, a que já tive a oportunidade de aludir em outras ocasiões, entende-se que a crônica de um escrevinhador seja apenas uma forma de criticar as atitudes burlescas de quem quer que seja. Mas, não são bem assim que as coisas acontecem!
Recebemos vários outros e-mails. O importante é que o nosso objetivo, de uma forma ou de outro, foi alcançado: pois já se vê que não pode haver absurdo descomunal e risível quando não se encontra apoio nesses casos. Como quer que seja, alertar os pais de família sobre o perigo de blindarem os seus filhos de uma possível ação criminosa, é de todo o caminho mais correto. Todos nós sabemos que há o uso indiscriminado de drogas nas adjacências das escolas, mas é comum que os pais não acreditam nas conjecturas de que os seus filhos estejam envolvidos. Entretanto, as atitudes grosseiras e agressivas desses jovens de hoje são sinais de alertas para que - pais e professoras – devam assuntar com interesse dessas atitudes inadequadas. E é por aí que mora o perigo, onde as forças ocultas das atividades criminosas possam estar influenciando a vida deles sem que eles se apercebam disto. Não se devem puni-los pelas suas birras, mas tão somente orientá-los para o mundo.
É por isso mesmo que a educação de berço é muito mais importante do que a educação escolar. Aliás, toda construção deve começar sempre pelo alicerce (a família), para só depois iniciar o seu acabamento final (a escola). Também nenhuma construção pode espelhar-se em duvidosos castelos-de-areia. “Faz-se necessária a lembrança de que a educação infantil deve acontecer em casa, e que à escola compete a formação acadêmica, acrescida de alguns valores. Portanto, é um casamento de forças educacionais e não um jogo de empurra-empurra, no qual a criança deixa de ser educada e de quebra sente-se um transtorno. A educação leva tempo, não ocorre da noite para o dia. Ela é um processo. Não somos máquinas programáveis, somos gente, que necessita de desenvolvimento e maturidade para tornar a vida melhor”.
Se os pais preocuparem-se em desenvolver nos seus filhos condutas éticas de amor e respeito ao próximo, sentimentos de justiça social, solidariedade, honestidade, amizade, lealdade, podemos dizer que o efeito multiplicador desses princípios poderá levar muitos alunos um bom relacionamento com os seus colegas, e principalmente com a professora. Para uma boa educação não há receitas, senão amor e carinho. E quem sabe, uma boa palmatória não seja preciso?
* Do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e da Academia Montes-clarense de Letras