Felippe Prates
Para fazer um balanço da primeira década do século XXI, assistimos à palestra, sobre o tema, do grande pesquisador social brasileiro Ricardo Paes de Barros, do Ipea.
Segundo ele, desde o início do novo milênio, a renda per capita no Brasil vem aumentando para todos, embora os mais pobres tenham experimentado o maior crescimento. A taxa média do aumento da renda “per capita” dos 10 por cento mais pobres é de 8 por cento ao ano, portanto, mais de 5 vezes maior do que a dos 10 por cento mais ricos, que é de 1,5 por cento. Assim, a renda dos mais pobres cresce a um rítmo chinês, enquanto que os mais ricos percebem taxa de crescimento similar à da Alemanha.
Esta diferença reflete uma queda sem precedentes no grau de desigualdade do país, que, aliada ao crescimento econômico, fez com que reduzíssemos a extrema pobreza à metade ao longo do último qüinqüênio, numa velocidade cinco vezes mais acelerada que a preconizada pelo Primeiro Objetivo do Milênio em reduzir a pobreza à metade, em 25 anos!
Contudo, nessa matéria, a nossa situação ainda é preocupante. O consumo dos mais pobres, (10 por cento mais pobres), em um ano, equivale ao que um rico, ( 1 por cento mais rico), consome em um dia. Estima-se que, mesmo mantido o acelerado rítmo com que o Brasil tem reduzido desigualdade e pobreza, ainda serão necessários 15 anos para nos alinharmos aos paises de nível de desenvolvimento ideal.
Diante disso, tão fundamental quanto o espetacular progresso lcançado é a manutenção dessa trajetória a passo vigoroso. Como o ambiente econômico e a natureza da pobreza se alteram continuamente, o grande desafio à frente é desenhar e redesenhar os programas sociais para que, em nosso país, não se perca a excepcional efetividade já obtida. E melhor seria, naturalmente, mantidas as características positivas dessa empreitada, “step on de gas”, como dizem os americanos, ou seja, pisarmos ainda mais fundo no acelerador.
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