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Sexta-Feira,10 de Janeiro

3 de outubro

Jornal O Norte
Publicado em 04/10/2010 às 09:10.Atualizado em 15/11/2021 às 06:40.

Marcelo Valmor


Professor Unimontes e articulista político



A festa eleitoral que ocorrerá no próximo dia 03 tem raízes históricas profundas. A data guarda uma simbologia importante, e os eleitores merecem e devem refletir melhor sobre a democracia e os candidatos "disponíveis" para  elegerem.



É sabido que a chamada "República Oligárquica", - aquela que se inicia em 1889 e que é posta chão abaixo por Getúlio Vargas em 1930 -, guardava práticas políticas equivocadas. Só para se ter idéia, o modelo político era a chamada "Política dos Governadores", que tinha na base o coronel, e no topo da pirâmide o presidente. A troca de favores caracterizava aquele modelo.



Já no plano eleitoral, o voto de cabresto dava a tônica do processo. Usado e abusado abertamente diga-se de passagem. A chamada "Comissão de Verificação" era um outro instrumento capaz de por limite a penetração da oposição tanto na Câmara quanto no Senado. Depois de eleito, o político passava pelo crivo de uma comissão para verificar sua idoneidade. Evidente que os "inimigos" da República estavam maculados, portanto, impedidos de tomarem posse.



Foi preciso que as classes médias se expandissem e exigissem legalidade nesse processo. Afinal, sua participação política não encontrava representatividade nos instrumentos legais até então utilizados.



Por isso mesmo, foi a pressão delas, o Movimento Tenentista, o setor industrial e a necessidade de controlar os trabalhadores que levaram Getúlio ao poder. Em 1º. de março de 1930 é eleito Júlio Prestes, mas no dia 03 de outubro  o sonho de permanência no poder do grupo oligárquico chega ao fim. O movimento "revolucionário" sai vitorioso e Vargas assume o governo provisoriamente.



É a essa data - 03 de outubro - que nos remete ao processo eleitoral atual. E é sobre essa "Nova República" que se assentará os fundamentos democráticos. O voto torna-se secreto, as mulheres passam a usufruir do sufrágio, e a modernização econômica do país ganha terreno.



Portanto, a festa do próximo dia 03 reflete a necessidade de construir um novo país. E temos a oportunidade, clara, de escolher novos governantes no próximo domingo mais voltados para a valorização da ética, da preocupação com o bem público, pessoas que respeite as outras. Utopia? Talvez. Mas costumo dizer que quem acha o contrário, que esse país não tem jeito, e que tudo isso por aqui se constitui em uma roubalheira só, ou já usufruiu, ou está usufruindo, ou quer usufruir. E contra esses se levantam aqueles que querem usufruir, mas a partir de regras claras, da meritocracia, do desejo de enxergar civilização. "A melhor forma de pensar na gente é pensar em todos" já dizia a frase de campanha do ex-prefeito de Montes Claros, Athos Avelino (PPS).



Assistimos, no plano federal, a escalada de setores reacionários sob a capa do PSDB, enquanto o país avança com o governo Lula (PT). As conquistas sociais sempre incomodaram os donos do poder, daí a perseguição à candidatura Dilma (PT). Marina Silva, esperança de um Brasil melhor, indiretamente faz o jogo desses grupos, ao alimentar a possibilidade de um segundo turno entre José Serra (PSDB) e a candidata petista. Mas no frigir dos ovos, o modo petista de governar o país deve vingar mais uma vez.



No plano estadual, temos a possibilidade real de ter um homem de Estado no poder. Com uma formação intelectual impecável, Antônio Anastasia (PSDB) deverá ser o novo governador de Minas. Escorado em uma gestão que privilegiou muito pouco a área social, mas que lançou bases consistentes para o desenvolvimento do Estado, deverá bater Hélio Costa (PMDB) ainda no primeiro turno. Se o social foi meio esquecido no governo Aécio Neves (PSDB), com a vitória de Costa ele não existiria.



Quanto às candidaturas a deputado estadual, federal e senador, não é possível fazer uma análise neste momento. Mas não poderíamos deixar de falar sobre a necessidade de fazermos um maior número possível de representantes do norte de Minas.



Processo semelhante no que diz respeito à ética e o respeito com a coisa publica ocorre na Unimontes. Algumas candidaturas à reitoria já foram postas. Nelas destacamos a do professor Itagiba de Castro e do também professor e médico João dos Reis Canela. Não podemos adiantar os projetos do professor Itagiba, haja vista que esteve ausente da universidade durante oito anos servindo à iniciativa privada. Mas sobre o professor Canela é possível tecer comentários.



Com vinte e cinco anos de serviços prestados à Unimontes como gestor, e dono de uma simplicidade franciscana, João Canela pode não ser o modelo idealizado pelas pessoas. Mas como a política funciona muito mais na base do real, espelha valores que deveriam ser copiados. Estou falando da ética, da honestidade, do trato correto com a coisa pública.



É desses personagens que compõe a nossa realidade política atual. E será sobre eles que um novo Brasil, um novo estado, uma nova Montes Claros e uma nova Unimontes deverão ser erguidos.



Portanto, façam das próximas eleições uma festa. Mas não esqueçam que quando exageramos na bebida, corremos o risco de ter um dia seguinte com muitas dores de cabeça.

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