Franciele Ferreira e o filho Pedro, aluno do Cemei evacuado no momento do acidente: “sai às pressas do serviço para buscá-lo. Minha preocupação é que ele tivesse inalado o gás, mas foi imediata a ação” (arquivo pessoal)
O fluxo de veículos pesados circulando pelos bairros de Montes Claros está se tornando um transtorno para a população. Esta semana, um caminhão transportando gás ficou preso ao tentar passar pelo viaduto Manoel Emiliano, na rua Juca Prates, divisa entre o centro da cidade e o bairro Morrinhos. Com a ocorrência, todo o trânsito das imediações foi impactado com desvios e interdições de ruas.
Essa não é a primeira vez que acontece algo semelhante. Há cerca de dois anos, uma carreta transportando duas lanchas bateu e danificou cinco semáforos e fios de alta tensão, provocando interdição e falta de energia em área de grande movimento no centro. Outra situação foi abordada em matéria de O NORTE no último dia 28 de junho, quando moradores do bairro Augusta Mota ficaram várias horas sem energia em virtude da queda de um poste, atingido por um caminhão. O motorista alegou que não havia sinalização, sendo enviado ao local por GPS.
Questionada pela reportagem, a MCTrans afirmou que, antes mesmo de chegar à rua Juca Prates, existem placas de braço projetado e outros modelos de sinalização em todos os lados, que indicam as saídas para veículos pesados, independentemente de onde tenha partido o motorista. O viaduto também está sinalizado com a altura permitida. A MCtrans acredita que, no caso em questão, o condutor não tenha observado a sinalização e seguiu apenas o GPS. Segundo a MCtrans, a rua Juca Prates e outras no centro constam no Google como rodovias e isso pode ter contribuído para o motorista ter pegado o suposto atalho. A empresa afirma que já solicitou ao Google Maps a alteração no aplicativo de pesquisa e aguarda que em breve a atualização aconteça.
IMPACTOS
Pessoas que residem ao lado do viaduto tiveram que deixar suas casas às pressas e escolas e comércios foram evacuados. Franciele Ferreira havia acabado de chegar ao serviço quando recebeu um chamado da escola para buscar o filho Pedro, de dois anos, aluno do Cemei próximo ao viaduto. “Meu medo era que ele houvesse inalado gás. Felizmente, os professores, com orientação do Corpo de Bombeiros, agiram rápido, conduzindo as crianças para outro local e avisando aos pais”, disse. Passado o susto, ela conta que leu as notícias sobre o assunto e entendeu a dimensão do problema. Devido à situação, o Cemei antecipou as férias que estavam programadas para o dia 22 de julho. “Achei melhor. Prefiro que ele não volte a frequentar a escola nos próximos dias, foi muito o vazamento de gás, não sinto segurança ainda”.
ATUAÇÃO CONJUNTA
Segundo o Corpo de Bombeiros, foi necessário o isolamento da área, pois, para ocorrer um incêndio, é necessária a presença de três elementos: o oxigênio, que estava presente no ar; o outro é o combustível, que seria, no caso, o gás que extravasou; e o terceiro, uma fonte de calor. “Quando isso acontece, há um grande deslocamento de massa de ar. É como se fosse uma bomba. Vidros seriam quebrados. A gente não tem como calcular o impacto, mas devido à quantidade de gás, seria muito grande, com certeza”, afirma a assessoria de comunicação do 7° Corpo de Bombeiros. A ação durou dois dias e o CB local contou com o auxílio de uma equipe especializada do Batalhão de Emergências Ambientais e Desastres (Bemad), de Belo Horizonte.
DINÂMICA
Quando acontece um acidente no interior, os militares da localidade prestam o primeiro atendimento. “Somos o primeiro interventor. Foi necessário isolar, jogar o jato de água neblinada para dispersar os gases. Mas para agir e fazer uma intervenção mais profunda, é necessária essa presença do Bemad”, diz a corporação, que tem ainda a tarefa de monitorar a segurança durante a atuação de empresa recrutada pelo causador do acidente. Segundo o 7° BBM, todos os que transportam produtos perigosos têm, obrigatoriamente, um contrato com uma empresa especializada em gerenciamento de crises e atendimento a emergências que age em casos de acidentes.
No momento da ocorrência, os moradores foram para a casa de familiares e outros foram para hotel custeado pela empresa. A Ultragaz, empresa dona do caminhão, em nota, afirmou que priorizou seus primeiros esforços em, juntamente com as autoridades locais, garantir a liberação da via seguramente e a acomodação dos moradores da região que foram afetados pelo incidente. “A partir da normalização da situação, a companhia iniciará um estudo dos impactos do incidente por meio da sua área de assistência social. A Ultragaz reitera também que segue à disposição das autoridades para prestar as informações necessárias sobre o ocorrido”.