Termômetros em queda, solidariedade em alta em MOC
Voluntários, ONGs, empresas e pessoas comuns se mobilizam para levar aos mais vulneráveis agasalhos, cobertores e comida em Montes Claros
Se para quem está em casa, com a cama cheia de cobertas e uma comida quentinha no fogão, o frio desses dias tem sido difícil de suportar, imagine para quem está nas ruas, sem teto, sem coberta e sem uma refeição.
Muitos montes-clarenses juram nunca ter visto nada igual como o frio dessa quinta-feira. E não esquecem de quem está em situação vulnerável. Alguns grupos vão para as ruas socorrer os desassistidos, levando comida, agasalho e cobertores.
“Há dez anos a gente tenta ajudar quem está em situação de vulnerabilidade. Mas há épocas em que temos que intensificar e diversificar as atividades, as entregas e, na verdade, com este frio atípico, estamos pensando em fazer uma campanha do agasalho e cobertores”, diz o fundador e presidente do projeto Amor e Vida, Josmar Xavier dos Santos.
Segundo Josmar, não é só a população de rua que necessita de ajuda, mas o quadro é bem mais extenso. “Há outras famílias que são cadastradas conosco, famílias de catadores, de carroceiros, que necessitam, e muito, porque têm seis ou sete filhos, dormem no chão. Não estão em situação de rua, mas o quadro é crítico”, informa.
Sem os agasalhos para doar neste momento, Josmar explica que o Amor e Vida está entregando refeições. “Estamos entregando a comida pronta, mas, não estamos entregando somente para as pessoas de rua. Levamos também para pessoas que não têm o gás”, explica.
De acordo com Josmar, as pessoas em condição de rua estão sendo atendidas por vários voluntários. “Na verdade, essas pessoas não são totalmente abandonadas, tem sempre alguém ajudando. Nós, por exemplo, ajudamos mais os que se encontram na região do Mercado Municipal, mas tem várias ONGs que circulam a cidade para assistir essas pessoas”, informa.
DOADORIA
“As pessoas em situação de rua, que vivem nas praças, já são assistidas”, afirma Willian Lisboa, um dos 30 voluntários do projeto Doadoria. “Por isso, a nossa ação é feita em outros pontos da cidade. A gente sai à procura das pessoas que estão em áreas mais distantes para dar um agasalho, um cobertor ou, na maioria das vezes, uma sopa”, conta.
O grupo percorre uma área da rodoviária até o parque de exposição. E nos últimos dias, com o tempo mais frio, essas pessoas em situação de rua têm pedido mais a entrega da sopa, conta Willian.
“A média é de cem marmitas de sopa no final de semana. Mas agora vamos ter que fazer mais, porque estão pedindo mais”, afirma.
SOLIDARIEDADE
A Fiemg está lançando, em todo o Estado, a campanha “Toda Doação Importa”, a fim de recolher agasalhos para aqueles que precisam de cuidado nesse momento. As doações poderão ser feitas em cada unidade da Fiemg.
A instituição colocou uma caixa para receber as doações na recepção da unidade Sesi Segurança e Saúde no Trabalho, na sede da Fiemg Regional Norte, à avenida Armênio Veloso, 46, Centro, ao lado da Praça de Esportes.
O presidente do órgão, Adauto Marques, disse que “as entidades para as quais as doações serão direcionadas ainda estão sendo selecionadas. Enquanto isso, aguardamos sua doação, que ajudará a agasalhar quem passa frio”, pede.
MOC tem várias campanhas de doação
Outra ação para arrecadar agasalhos está sendo feita pela rede de Clínicas Odontológicas Dr. Premium, que está recebendo roupas e cobertores. As peças, novas e usadas, em bom estado, serão destinadas à Pastoral de Rua de Montes Claros, que atende pessoas em vulnerabilidade social.
De acordo com o último censo do Consultório na Rua, programa da Prefeitura de Montes Claros executado por meio da Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 600 pessoas vivem nessa condição na cidade.
Para participar da campanha, é necessário deixar as doações em uma das unidades da Dr. Premium, nos bairros Jardim São Luiz ou Esplanada.
“A responsabilidade social da clínica vai além do cuidado com o sorriso. Também é o nosso dever cuidar das pessoas, independentemente de onde estejam. Saber que alguém morreu por causa do frio, como aconteceu esta semana em São Paulo é desumano!”, afirma Tereza Catrinck, gestora das unidades Dr. Premium.
Por causa das baixas temperaturas nos últimos dias, a Pastoral de Rua de Montes Claros, que atende cerca de 200 pessoas, tem realizado ações constantes. “Devido o frio inesperado, nós antecipamos a entrega dos cobertores e roupas. Assim que a gente recebe, a doação é feita para quem precisa” diz Matheus de Souza, presidente da entidade.
APOIO
Mas não foram apenas as empresas que se sensibilizaram com a situação dos mais vulneráveis. O advogado Nestor Rodrigues iniciou uma campanha de arrecadação de agasalhos e pretende distribuir em toda a região.
“Ando todo o Norte de Minas e conheço pontualmente cada situação. Acredito que o frio vai perdurar e a ajuda a qualquer tempo é bem-vinda. Estou saindo agora em viagem e já levando comigo algumas peças e cobertores”, diz. Nestor pediu ajuda a amigos, colegas e conhecidos, que o atenderam prontamente, doando agasalhos e cobertores.
Ele pontua que entre os vários grupos que precisam de ajuda estão as mais de cem famílias dos povos nativos, da tribo Xakriabá. “São índios que vivem em total flagelo e moram no alto da serra, que naturalmente é um local mais frio. O grupo tem idosos de mais de 80 anos, em um sofrimento terrível”, lamenta o advogado. (L.D. e M.V.)
(FOTOS LEO QUEIROZ/GUSTAVO SILVA/PROJETO DIADORIA/DIVULGAÇÃO)