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Quarta-Feira,14 de Maio

Servidores públicos se manifestam contra Athos: O Norte reproduz fala do prefeito irritado com vaias de seus comandados na câmara municipal

Jornal O Norte
Publicado em 01/06/2006 às 10:45.Atualizado em 15/11/2021 às 08:36.

Samuel Nunes


Repórter


samuelnunes@onorte.net



Com faixas e cartazes tendo como dizeres – Senhor prefeito cobramos os compromissos assumidos com nossos direitos, Queremos Athos de compromissos, Athos de coragem, Athos de ação e Queremos a posse do concurso 2004 e Tô grilado Athos prometeu e não cumpriu a reposição da inflação, não pagou os qüinqüênios e não valoriza os servidores -, aconteceu na manhã de ontem, quarta-feira, nas escadarias da prefeitura de Montes Claros, uma manifestação do Sindicato dos servidores públicos da área da educação. A manifestação foi pacífica e o objetivo principal era que eles fossem ouvidos pelo prefeito Athos Avelino e, sobretudo, fossem atendidas as suas reivindicações.






(foto: Wilson Medeiros)



- Na pauta desta manifestação está a questão da data base que o prefeito não negociou, também o pó de giz do professor que não foi respeitado. Foi colocado um anúncio na televisão deixando a entender que foram repassados para os servidores 32% de aumento. Pela forma como foi redigido, o texto dá essa impressão, mas isso não é verdade. Estamos indignados com a situação de descaso da prefeitura para com os funcionários - diz Silvana Muniz Zuba, funcionaria da prefeitura há 18 anos.



Outro ponto salientado por ela é quanto à situação do concurso público que a categoria também deseja uma resposta:



- O prefeito nos negou a posse, o caso está na justiça, inclusive estivemos no fórum e o processo está há dois meses engavetado na prefeitura. Alguns estão até dizendo que o concurso vai ser anulado.



NENHUM PARECER



Outra servidora que se manifestou é Luciene Alves Oliveira. Ela diz que o reajuste salarial da categoria é uma das reivindicações, somando-se à nomeação do concurso público:



- O juiz responsável pelo caso nos informou que desde o dia 15 de fevereiro o processo está na prefeitura e que ainda não deu nenhum parecer para nós. O juiz não pôde sinalizar se vamos tomar posse ou não, pois a prefeitura ainda está com o processo.



Manifestantes presentes acreditam que este é o primeiro passo, uma vez que está sendo organizada uma audiência pública com representantes da prefeitura, ministério público e procuradoria, no sentido de passar para os servidores como está o concurso público. Segundo foi passado para a reportagem, várias escolas municipais não estiveram presentes na manifestação uma vez que aconteceram pressões por parte dos diretores.



Ouvida por O Norte, Sidália de Oliveira diz que é professora de Educação infantil e tem o curso de magistério, especialização em educação infantil com pós-graduação:



- Meu salário continua o mesmo de 15 anos atrás, nenhum real de aumento. Estamos reivindicando apenas o que é de direito nosso, qüinqüênios e a reposição salarial. Esperamos que o prefeito tenha consciência e consiga pelo menos amenizar nossa situação, que não está fácil.



Mesma opinião tem sua colega Levimar Viana. 



Os manifestantes se dirigiram para a câmara de vereadores. Lá estava sendo iniciada uma reunião com segmentos do sistema de saúde do município, autoridades políticas e a comissão de saúde da assembléia legislativa de Minas Gerais. Com cartazes, faixas e apitos, os manifestantes adentraram a câmara municipal, os minutos se passaram e o prefeito Athos Avelino com um microfone em punho proferiu um discurso que O Norte, em primeira mão. divulga quase na sua totalidade.



PALAVRAS (GRAVADAS) DO PREFEITO:



- Falei algumas coisas para representantes do sindicato que eu vou repetir aqui agora, eu não tenho nenhum respeito por aproveitadores oportunistas, por pessoas que nem são servidores e que estão abalando... (neste momento manifestantes reagem contrariamente à fala do prefeito) – Não são vocês não, não estou falando de vocês porque vocês servidores mostram a cara. Aqueles que abaixaram as faixas estão mostrando a cara, quem mostra a cara é legítimo. Quem mostra a cara não tem nada a esconder, tem que esconder aquele que se esconde atrás de vocês, e sem mostrar a cara, eles querem utilizar um movimento que é legítimo de vocês para fazer o proselitismo político e a campanha eleitoral de aventureiros oportunistas; porque este é um ano eleitoral e gente que não respeita vocês no passado hoje está querendo desestabilizar a relação da prefeitura com os servidores. Gente, é o seguinte: acabei de receber o sindicato, fizemos uma reunião organizada, democrática, recebemos todas as reivindicações de vocês, e resumi para o sindicato o seguinte: eu tenho falado em todas as oportunidades, tenho falado que os recursos mais nobres da prefeitura não são os prédios, não são as máquinas, não são os computadores, mas sim os servidores. Eu falo isso porque os recursos mais nobres são os recursos humanos, e eu tenho demonstrado isso na prática, na medida em que fortalecemos o Prevmoc, na medida que ressuscitamos o Instituto de previdência dos servidores que estava combalido, repondo as contribuições patronais e apropriações indébitas que não foram feitas no passado, na medida em que nós estamos, pela primeira vez, pagando abonos aos professores e servidores do magistério, do ensino fundamental, com recursos do Fundef, o que nunca foi feito em Montes Claros (reação dos manifestantes) – Mas esse direito nunca foi cumprido por nenhuma administração anterior, nunca foi pago abono com recursos do Fundef em Montes Claros, administrador nenhum nunca fez isso, na medida que nós enfrentamos pela primeira vez na história de Montes Claros. O programa dos qüinqüênios, o problema dos qüinqüênios nenhum prefeito enfrentou essa questão, expliquei para o sindicato dos servidores as dificuldades que nós estamos tendo com os 17 milhões de dívidas que recebemos de restos a pagar de 2004, com os 32 milhões de dívidas que recebemos junto ao INSS, com as dívidas junto ao Prevmoc, com os seqüestros que tivemos no ano passado pelo não cumprimento dos 15% da saúde em 2004, com os bloqueios que tivemos do tribunal de justiça em função da desapropriação e do não pagamento deste terreno aos seus verdadeiros donos. Então, por estas razões todas, por estas razões todas... Eu quero um minuto da atenção de vocês, nós explicamos ao sindicato porque, embora eu considere os servidores os recursos mais nobres que esta prefeitura tem, nós ainda não podemos de sã consciência oferecer aquilo que vocês realmente merecem, mas solicitei ao presidente (Valmore) Edi, solicitei às 10 pessoas que estavam representando vocês na nossa sala de reuniões que, em atenção a vocês e ao sindicato, eu ia solicitar, como solicitei, à secretaria de Administração, à secretaria da Fazenda, à procuradoria jurídica do município, principalmente esses três, que estudassem a perspectiva de arrecadação que nós temos neste ano de 2006, inclusive os esforços que fizemos oferecendo prêmios para o pagamento do IPTU, os esforços que fizemos junto à Novo Nordiski, à Coteminas, para que elas possam pagar ICMS em Montes Claros e não em São Paulo, os esforços que estamos fazendo junto à Federação dos municípios em Brasília para aumentar a cota do FPM, para que possamos melhorar a reposição salarial e até a questão dos qüinqüênios, que o sindicato levou para nós como reivindicação de vocês. Agora, quero informar a vocês que já encaminhei para a câmara municipal mesmo antes do dia de hoje, foi encaminhada a reposição do pó de giz que vocês todos têm direito.

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