Ser solidário é uma forma de adoçar a vida

Jornal O Norte
06/09/2005 às 11:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:51

Railda Botelho


Repórter


railda@onorte.net

Enquanto o mundo ferve lá fora e o caldeirão de violência borbulha cada vez mais forte, dentro do seu mundo humilde, sossegado e solidário, Seu Edson adoça a vida, enquanto pratica amor ao próximo. Durante toda a semana, é comum encontrar Seu Edson, mais precisamente na Praça Coronel Ribeiro, junto ao seu carrinho de balas, pirulitos, picolés e outras guloseimas, que ele distribui às crianças, tenham elas dinheiro para comprar ou não.

Seu Edson vende ainda vales-transporte e faz questão de guardar alguns que seja para socorrer suas crianças, como ele chama carinhosamente os meninos e meninas que, oriundos de escolas, chegam aos bandos à praça para tomar o ônibus, sem antes dar uma paradinha no carrinho de Seu Edson para comprar ou ganhar um picolé, balas e até vale-transporte.

Assim segue seu Edson em seu mundo sossegado, solidário e tranqüilo, em meio aos rumores de guerras, tragédias e violências urbanas, que ele diz ignorar quando prefere viver em meio às crianças, que o adoram do jeito que é, e dessa forma, não sobra tempo para pensar em tragédias, mas pensa na delicadeza e pureza de meninos e meninas que ainda não foram contaminados pelo vírus da maldade, que gera a violência e a falta de amor.

O tempo de Seu Edson é gasto quase por inteiro no carinho para com as crianças e também para servir ao próximo. Mas as crianças não são as únicas que se servem da ajuda de Seu Edson. Também os idosos, mulheres grávidas e jovens se valem da boa vontade desse cidadão, que adotou Montes Claros como o seu porto seguro há alguns anos.

O desemprego e a falta de oportunidades foram alguns dos motivos que o fizeram abraçar a profissão de ambulante, o que procurou desempenhar com muita coragem, determinação e trabalho, uma vez, conforme afirma, que qualquer profissão tem a sua importância, desde que feita com responsabilidade, empenho e muito amor.

Seu Edson fala pouco, e não gosta muito de comentar a forma solidária e carinhosa com que trata as crianças e as pessoas de forma geral, quando se limita a dizer que apenas faz o que acha certo, o que gosta, e o que o deixa em paz.

A estudante Ana Lúcia dos Anjos, que faz cursinho pré-vestibular na Praça Coronel Ribeiro, fala de sua admiração pelo trabalho quase anônimo de Seu Edson, quando diz ficar admirada com o carinho, a paciência e a dedicação que ele dispensa á todos, em especial às crianças.

Ana Lúcia conta que, outro dia, enquanto aguardava o seu ônibus, um jovem que tinha uma das pernas gessada pedia um vale-transporte a pessoas que se encontravam no ponto de ônibus, para que pudesse voltar à sua casa, que fica em um bairro distante do centro. Ana notou que o jovem não obteve sucesso, e o aconselhou a buscar socorro com Seu Edson. Não deu outra, o rapaz não só conseguiu a passagem, como ganhou também ajuda para entrar no ônibus.

Ana Lúcia diz que se comoveu com esse gesto de amor e de solidariedade ao próximo, que partiu de uma pessoa humilde, que faz o bem sem olhar a quem, ou sem nenhuma pretensão de se promover como, segundo ela, fazem os políticos à época de eleições. Ana diz que o exemplo de Seu Edson deveria ser seguido por muitos, principalmente os que possuem posses e que podem ajudar.

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