MONTES CLAROS

Sem políticas públicas para os animais

Nos últimos três anos foram computadas cerca de 500 denúncias de maus-tratos a animais

Márcia Vieira
Publicado em 17/06/2024 às 21:24.
Protetores reclamaram da omissão do município em construir políticas públicas para animais resgatados (Christine Antonini)
Protetores reclamaram da omissão do município em construir políticas públicas para animais resgatados (Christine Antonini)

Audiência Pública promovida na Câmara de Vereadores de Montes Claros, colocou em debate ações para solucionar a questão dos maus-tratos a animais no município e ainda, o que fazer com aqueles que são resgatados, já que é cada vez mais recorrente no município a denúncia de animais vítimas de violência. 

De acordo com dados da Polícia Militar, nos últimos três anos foram contabilizadas cerca de 500 denúncias. Em 2024, em menos de seis meses, o número já está próximo desse patamar. A situação envolve desde cães e gatos, até animais de grande porte, utilizados para tração, e ainda, galos, de rinhas e animais silvestres. O mais grave que no há abrigos para os resgatados.

Para o médico veterinário Lucas Mendes Soares Diretor do Hospital Veterinário da Funorte), primeiro hospital veterinário da região, manter os animais vítimas de maus-tratos em locais adequados e com os cuidados necessários é fundamental para assegurar a recuperação e o bem-estar deles. “É imperativo que haja políticas públicas para garantir que esses animais recebam o suporte necessário à sua plena recuperação. Ambientes apropriados não só garantem a provisão de alimentação e tratamento médico, mas também oferecem a segurança e o conforto essenciais para a reabilitação física e emocional dos animais”, afirma. 

AUSÊNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS
A protetora independente Lúcia de Fátima Moreira, reclama da ausência de apoio público para os protetores que se dispõem a acolher os animais. “Vejo total omissão da prefeitura. Outros (administradores) fizeram alguma coisa, mas agora parou, estagnou, morreu, sucumbiu. Não vejo nenhuma atitude”, disse Lúcia durante a audiência, proposta pela vereadora Ceci Protetora, que ressaltou a dificuldade do município em cumprir a Lei Sansão (14.064/2020), que aumenta a pena para maus tratos e preconiza o afastamento dos animais do seu agressor. “Como no município não há abrigo oficial, as ONGs, mesmo sem condições e amparo financeiro, acabam se tornando responsáveis”, lamenta.

Já a protetora Silvana Rodrigues, da ONG Novo Começo, relatou que em 2023 foi despejada do abrigo com cerca de 70 cães, por falta de pagamento. Ela procurou o então secretário de Meio Ambiente, Sóter Magno, que prometeu ajuda, mas, segundo Silvana, não cumpriu. “Nos acabamos em dívida, stress e falta de tempo até para nossa família. Eu tenho vergonha da prefeitura da nossa cidade. A realidade não é bonita e a gente fica doente. A prefeitura precisa resolver com urgência essa situação “, desabafou. O vereador negou as acusações. 

A diretora de Vigilância da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Clara Lelis, admitiu que o município não tem uma solução. Embora a questão animal seja um problema de saúde pública, há limitações e o município não tem políticas públicas construídas para dar solução ao problema. 

A audiência foi encerrada com encaminhamentos que serão repassados ao Executivo e ao Estado, com sugestão de implantação de uma delegacia especializada para atender a causa animal e a proposta de estabelecer parcerias com as ONGs.

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