Comércio fica às moscas

Sem carnaval, sem ônibus e sem clientes

Larissa Durães
Publicado em 01/03/2022 às 09:20.
ACORDO – Abertura do comércio foi combinada entre a prefeitura, os sindicatos dos comerciantes e dos trabalhadores (fotos arquivo pessoal)
ACORDO – Abertura do comércio foi combinada entre a prefeitura, os sindicatos dos comerciantes e dos trabalhadores (fotos arquivo pessoal)

Sem folia nas ruas, com os bancos fechados e os ônibus circulando em escala reduzida, o funcionamento do comércio em Montes Claros neste Carnaval divide empresários. Há quem tenha reclamado do fraco movimento dos clientes, devido ao “êxodo” dos moradores para outras cidades, e quem tenha achado que tal situação já era esperada devido ao adiamento da festa de Momo para abril, em virtude da pandemia.

Na cidade, shows musicais e artísticos estão proibidos até 13 de março, o que pode ser uma das razões para o “esvaziamento” do município. Como a decisão de abrir dependia de cada comerciante, nem todas as lojas funcionaram ontem, o que afastou ainda mais o público do Centro, acredita o empreendedor Dayvison Matheus Mendes Silvestre. 

“A falta de festas tradicionais acabou diminuindo a movimentação na cidade e prejudicando o comércio local”, diz. Para ele, a prefeitura agiu corretamente ao não fazer festas nas ruas. Mas o empresário opina que cidades maiores permitiram eventos em locais fechados, com apresentação do passaporte vacinal, modelo que poderia ter sido adotado em Montes Claros - inclusive para evitar festas particulares, sem qualquer controle. “Nas redes sociais estão ‘bombando’ festas clandestinas e não ouvi que nenhuma de fato deixou de acontecer ou teve que terminar porque a polícia chegou lá”. 

Já a comerciante Berenice Gomes do Santos abriu a loja na segunda, mas não deve abrir hoje. “Temos vários fatores que estão influenciando para um comércio ruim, como fim de mês, as pessoas sem dinheiro, essa recessão, comércio parado... e quem pôde, viajou”. 

Já outra comerciante, que não quis se identificar, estava indignada. “Achei tolo abrir, porque a lotação (ônibus) tá com horário de feriado. Mandam a gente abrir e dificultam com a lotação, aí prejudica o comércio, que não fica aberto nem fechado. Bancos fechados atrapalhando também. Tá muito ruim isso, a gente não sabe se tem que abrir ou fechar”. 

O presidente do Sindicato do Comércio de Montes Claros (Sindcomercio), Glen Andrade, diz que a abertura do comércio foi uma das opções negociadas junto ao sindicato dos trabalhadores. Ele explica que os bancos acompanham os feriados nacionais e que a maioria dos empresários solicitou a abertura do comércio. 

“Montes Claros foi uma das poucas cidades mineiras em que o comércio está funcionando livremente, sem custos para o empresário, sem ter que dar folga e sem ter que pagar nada (a mais) para o funcionário”. Em relação aos empresários que acharem que a movimentação não é satisfatória, ele ressalta que a opção é fechar, como em outros anos. “Estamos seguindo o que o prefeito Humberto Souto solicitou, que é o funcionamento do comércio normalmente para evitar festas e aglomerações nestas datas”, informa. 

Em relação à circulação reduzida dos ônibus, o gestor de Comunicação e Marketing do Consórcio MocBus, João Neto, diz ter sido necessário adequar a oferta de ônibus ao número reduzido de passageiros. Segundo ele, a escala adotada foi de sábado, com ônibus o dia inteiro. 

Festas driblam decreto
Mesmo com o veto do decreto 4.353 - que adiou para abril o Carnaval, por conta da pandemia - moradores registraram e denunciaram várias festas clandestinas e pequenas “reuniões” entre amigos durante o fim de semana em Montes Claros.

Num dos registros, a Guarda Municipal precisou ser acionada duas vezes para o mesmo endereço, um bar na Raul Corrêa, onde havia grande movimentação. “Fomos verificar e estava realmente em desacordo com o decreto municipal, com centenas de pessoas no local. Pedimos ao proprietário para tomar as providencias cabíveis, ele não acatou e levou uma multa equivalente a R$ 11.080”, disse o secretário da Defesa Social da cidade, Anderson Chaves.

Momentos depois da notificação, a GM foi novamente chamada ao local. “O proprietário recebeu uma nova multa e foi conduzido à delegacia de plantão”, acrescentou. Segundo ele, um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) foi lavrado. “O proprietário do bar poderá responder por crime contra a saúde pública”, afirma o secretário.

O dono do estabelecimento multado argumenta que o decreto da prefeitura proíbe o uso de música mecânica e ao vivo, mas que 17 empresários do setor em Montes Claros teriam conseguido uma liminar para funcionamento. Ele admitiu ter conhecimento de que uma decisão de sábado expedida pelo desembargador Geraldo Augusto anulava a liminar. “Perguntei ao meu advogado e ele disse que não tinha nada oficial”.

Após ser detido, o empresário diz ter conseguido se explicar para as autoridades. “O delegado viu que eu não estava agindo de forma errada, porque portava a liminar. Tanto que fui solto”, alega. 

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