Ação é uma iniciativa da comunidade quilombola dos Nogueira em MOC
Wellington Coimbra Ferreira explica que a iniciativa surgiu devido à falta de atividades formativas para a comunidade LGBTQIAPK+ em Montes Claros (ARQUIVO PESSOAL)
A comunidade quilombola dos Nogueira, em Montes Claros, lançou o projeto “Periferias no Centro: Aquilombamento, Discussões e Letramento Acerca das Realidades LGBTQIAPK”. Este projeto é uma iniciativa do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, com a Secretaria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, viabilizada por meio de uma emenda parlamentar.
Wellington Coimbra Ferreira, pedagogo e assessor do projeto, explica que a iniciativa surgiu devido à falta de atividades formativas para a comunidade LGBTQIAPK+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros, Queer, Intersexos, Assexuais, Pansexuais, Kink) na cidade. Embora Montes Claros possua legislação e movimentos para essa parte da população, as atividades educativas são escassas, principalmente devido à ausência de ações por parte do município e do estado. “Justificamos esse projeto por essas ausências e pela necessidade de pensar a vida LGBTQIAPK+ periférica. Estamos em uma cidade grande onde a negritude e a comunidade LGBTQIAPK + estão marginalizadas, tanto social quanto geograficamente. Nosso objetivo é trazer essas periferias para o centro das discussões”, destaca Ferreira.
Ferreira enfatiza a gravidade da violência contra a população LGBTQIAPK + no Brasil, país que lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas transgêneros. Em 2023, 230 pessoas LGBT morreram violentamente no país, uma média de um óbito a cada 38 horas, segundo dados do Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil. “O Brasil também é o país que mais consome pornografia trans, o que evidência uma relação direta entre morte e desejo. Muitas vezes, a criminalidade contra corpos LGBTQIAPK + decorre da ignorância e do preconceito”, ressalta.
Vanessa Amorim, cuidadora de idosos, compartilha sua experiência. “Decidi me envolver nas reuniões por ter um filho homossexual e um amigo próximo que também faz parte da comunidade LGBTQIA+”, conta. Vanessa destaca que em sua casa todos são tratados com igualdade, sem distinção, e sentiu que poderia oferecer apoio. “Não hesitamos em engajar e estamos dispostos a contribuir, inclusive oferecendo acolhimento a pessoas LGBTQIA+ que necessitassem de um lugar temporário para ficar”, informa. Os interessados precisam ligar no número (38) 98411-8356.
DOCUMENTÁRIO
O projeto “Ser Visto Para Existir”, parte da iniciativa “Periferias no Centro”, tem como objetivo promover os direitos da comunidade LGBTQIAPK+ negra em Montes Claros. Ele busca alcançar esse objetivo através de atividades educativas realizadas em escolas, presídios e outras instituições públicas e privadas. Previsto para durar seis meses, o projeto contará ainda com a produção de um documentário e um evento final para apresentar os resultados das ações desenvolvidas, em dezembro, “quando será realizado um evento de culminância, onde será apresentado os resultados da pesquisa, do diagnóstico e também o documentário”, informa o Wellington.