Professor Wellinton Fernandes Silva ministrando aula no Presídio Alvorada para detentos que serão inseridos no mercado de trabalho (arquivo pessoal)
Com o objetivo de dar continuidade às ações desenvolvidas nos programas “Para Além das Prisões” e “Banco de Oportunidades”, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Montes Claros reuniu-se com diversas entidades na última semana para discutir quais seriam os encaminhamentos necessários para essa continuação. “Para Além das Prisões” tem como objetivo a inclusão socioeconômica e produtiva de pessoas privadas de liberdade em fase final de cumprimento da pena, bem como de pessoas em situação de rua, visando à ressocialização.
Uma das propostas foi a retomada do programa Jardins das Borboletas. “Já que este programa tem o caráter social, enquanto promove a reinserção e inclusão dos apenados por meio da socialização no trabalho e também o caráter ambiental cuidando das treze borboletas, tornando a cidade mais agradável e bonita para a população”, disse o secretário de Meio Ambiente de Montes Claros, Soter Magno.
Outra oportunidade que se apresentou para aprimorar ainda mais o projeto foi a recente entrada, há uma semana, da Instituição Corrente do Amor. Esta instituição irá contribuir para a qualificação das trabalhadoras, ministrando cursos de corte e costura, auxiliando-as, assim, a ingressarem no mercado de trabalho.
Os diversos órgãos e instituições participantes, tais como o Conselho da Comunidade Carcerária da Comarca de Montes Claros, o Ministério Público de Minas Gerais, a Prefeitura de Montes Claros, a Unimontes e a Polícia Militar, juntamente com outros parceiros que desempenham um papel fundamental no projeto, empenharam-se em viabilizar a reinserção dos apenados no mercado de trabalho, cumprindo a Lei 5.079/2018. Essa lei estabelece que as empresas vencedoras de licitações devem contratar 5% das pessoas que fazem parte dos programas.
BANCO DE OPORTUNIDADES
O programa Banco de Oportunidades, segundo o criador da metodologia, professor e consultor em empreendedorismo social, Wellinton Fernandes Silva, pode contar com “muitas pessoas beneficiadas com o programa, trabalhando nas empresas que prestam serviço para o município”. O Banco de Oportunidades foi criado por lei municipal, em 2018, como parte da metodologia.
O programa começou no Presídio Alvorada. “E com a entrada do presídio regional, mais pessoas estão sendo beneficiadas”, explica o professor. Desde a sua criação, mais de 100 pessoas já foram introduzidas no mercado de trabalho em Montes Claros.
“Importante citar que o projeto usa uma Tecnologia Social denominada MASDHE que é parte integrante da metodologia Resiliência Empreendente criada exclusivamente para o trabalho com pessoas de alta vulnerabilidade social como detentos e pessoas em situação de rua.
O Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (Presp) conta com 90% de sucesso. “Ser inseridos na rotina de trabalho, de segunda a sexta, não é fácil. Mas, quando essas pessoas estão prontas para retomada do trabalho, quando desejam trabalhar, depois de todo processo que fazemos com elas, o encaminhamento é assertivo, o sucesso é muito grande”, diz a gestora social da política de prevenção social a criminalidade, Vanessa Alves Silva da Presp.
Quem sabe disso é o egresso do sistema prisional, Ramon Fernandes, de 30 anos, atualmente ajudante de pedreiro. “Fiquei preso um ano e dois meses, e tem três meses que tô trabalhando. Tudo está sendo novidade, estou me sentindo valorizado, respeitado e, por isso, não pretendo nunca mais voltar pra cadeia”. Para ele, o programa é valido. “Esses programas ajudam a gente a descobrir coisas sobre a gente mesmo e guia a gente pra frente. Isso é bom, para quem quer trabalhar e mudar de vida, só esses programas ajudam mesmo”, completa.