
Um dia antes de Montes Claros entrar em recesso prolongado de seis dias, após decreto municipal que antecipa feriados com o objetivo de esvaziar as ruas, a cidade bate novo recorde de casos confirmados de Covid-19. Nesta terça-feira, o setor de Epidemiologia da prefeitura registrou 435 confirmações, aumentando para 22.330 o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no município.
São 207 homens e 228 mulheres com idades entre zero e 95 anos. Ontem também foram confirmadas mais 13 mortes, aumentando o dado para 396 desde o início da pandemia, há um ano. A maioria das vítimas são maiores de 60 anos, mas dois óbitos são de homens de 44 e 37 anos.
Para tentar barrar esse aumento explosivo de infecções pelo novo coronavírus, que tem levado o sistema de saúde ao colapso – não há mais leitos disponíveis na cidade, que é referência para 95 municípios da região –, a Prefeitura de Montes Claros publicou mais um decreto.
Desta vez, o município antecipa cinco feriados, que aconteceriam ao longo do ano, de forma que a cidade fique praticamente fechada de hoje até segunda-feira (22).
Além disso, a proibição de venda de bebida alcoólica em todos os estabelecimentos comerciais foi prorrogada até 31 de março. O decreto também determina a implantação de barreiras sanitárias no aeroporto, na rodoviária, estradas e rodovias. As pessoas que chegam à cidade terão que enfrentar uma quarentena obrigatória de 14 dias.
O decreto foi publicado pouco antes de o governador Romeu Zema (Novo) definir que todo o Estado entra na “Onda Roxa” a partir de hoje. A medida, que deverá ser seguida por todos os 853 municípios mineiros, estabelece que apenas os serviços essenciais podem funcionar e implanta o toque de recolher das 20h às 5h pelos próximos 15 dias, pelo menos.
Onda Roxa por mais 15 dias
Com a “Onda Roxa” valendo para todo o Estado, o Norte de Minas, que está enquadrado nessa faixa de restrição há dez dias, terá mais tempo de lockdown pela frente. A medida foi tomada, segundo o governador Romeu Zema, em função do agravamento da pandemia em Minas.
Durante o anúncio, Zema fez um apelo à população mineira para que adote as medidas de proteção contra o coronavírus, que agora passam a ser mais duras no Estado.
“Estamos aqui hoje para tratar de uma questão que, há um ano, tem causado transtorno e tristeza a toda a sociedade. O sistema de Saúde de Minas Gerais entrou em colapso. Ou seja, o número de pessoas que demandam cuidados médicos é maior que a capacidade de atendimento”, alertou o governador.
Para Zema, enquanto não existe vacinação em massa, a alternativa é controlar a disseminação do vírus com as medidas de distanciamento social. “Estamos obrigados a optar entre continuar vivendo como se nada estivesse acontecendo ou termos um isolamento para salvarmos vidas. E eu sou favorável a salvar vidas”, disse.
SOBRECARGA
O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, que assumiu o cargo na última segunda-feira (15), afirmou que Minas vive o pior cenário em 12 meses de pandemia. “Estamos vivendo um momento de alta taxa de incidência e ocupação de leitos. É a primeira vez que as unidades de saúde de todas as regiões estão sobrecarregadas. Não temos mais capacidade de transferir pacientes de uma macrorregião para outra, e isso faz com que a gente adote medidas mais duras”, alertou.