A prefeitura de Montes Claros publicou no último sábado (30) um decreto que aumenta o valor da tarifa de transporte coletivo urbano de R$ 4 para R$ 4,25. A medida entrou em vigor nesta segunda-feira, 1° de janeiro de 2024, tendo como justificativa a necessidade de manter o equilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte, cobrindo os custos dos insumos utilizados na operação. Essa decisão foi embasada em estudo e planilha técnica apresentada pela Empresa Municipal de Planejamento, Gestão e Educação em Trânsito (MCTrans), responsável pela gestão do serviço.
O decreto prevê a aquisição de novos ônibus para compor a frota do município, entretanto, o aumento veio antes da qualidade almejada pelos usuários, como o trabalhador do comércio, Tiago Santos, que considera o aumento incompatível com o serviço ofertado. Entre casa e trabalho ele utiliza o coletivo quatro vezes ao dia. “Acho um aumento abusivo, porque os ônibus não oferecem boas condições aos passageiros. Volta e meia os ônibus não passam e eu tenho que pagar um aplicativo para voltar do serviço para casa. Se houve aumento, deveriam ter melhorado as condições ou colocado mais ônibus em circulação”, afirma.
Hellen Tainá Pereira tomou conhecimento do novo valor ao entrar no ônibus nesta última terça-feira (2). “Soube do aumento agora. Pesa no bolso e reflete em outras coisas, como por exemplo, no lanche, pois tenho que pegar um ônibus até aqui (centro) e daqui pego outro para o serviço. É um real a mais por dia”, lamenta.
Rita Oliveira, moradora do bairro Nossa Senhora de Fátima, aponta a demora como um dos problemas graves do sistema. Para resolver situações do cotidiano ela precisa pegar um ônibus até o centro da cidade e de lá até o seu destino. O mesmo ocorre na volta para casa. O tempo de espera no ponto nesta terça-feira, ultrapassou uma hora. “Tenho que esperar um ônibus que me deixe mais perto de casa. Eles retiraram linhas e disseram que foi por conta das aulas, mas, e as pessoas que trabalham e as que precisam sair? Elas também precisam de transporte”, reflete. Sobre o aumento, ela é categórica: “ Eu temo pelas pessoas que são obrigadas a pegar mais de um ônibus por dia. Hoje eu tenho a carteirinha, mas quando eu não tinha andava muito a pé porque não tinha como custear. Tenho dificuldade para andar”, complementa. A neta Izabela, acompanhava a avó e disse que “a passagem é muito cara. Esse dinheiro dá para pagar outras coisas”.
A reportagem entrou em contato com a MocBus, concessionária que presta o serviço, e a empresa, por meio do gestor de marketing, João Neto, disse que “ o aumento da tarifa é uma decisão totalmente unilateral do município e o consórcio apenas acatou”. Quanto a redução de alguns horários e retirada de algumas linhas, ele afirma que o motivo é o “período de férias escolares, quando o fluxo de usuários cai consideravelmente. Precisamos de uma demanda mínima para operar. Essa alteração foi autorizada pela MCTrans que é quem fiscaliza e administra o transporte público da cidade sem qualquer prejuízo para a maioria dos usuários”, diz.