
A pandemia levou ao adiamento do Carnaval em Montes Claros para 21 a 24 de abril. Além do aumento expressivo nas notificações de Covid e internações, pesou na decisão o fato de que municípios da região também estão restringindo ou cancelando eventos e festejos que possam gerar aglomeração. Em Montes Claros, até ontem, havia 60.771 casos confirmados da doença, com 1.008 mortes.
A mudança está no decreto municipal 4.356. O texto suspende, em vias e logradouros públicos, bem como em locais particulares, as comemorações carnavalescas, os eventos que gerem aglomerações e a realização de shows artísticos e musicais, ao vivo ou de forma mecanizada, de 25 de fevereiro a 13 de março de 2022. Também transfere a data da festa momesca.
A medida leva em consideração as ponderações apresentadas pela Promotoria da Saúde e pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais e o fato de que o cancelamento dos festejos em outros municípios poderia gerar um fluxo migratório para Montes Claros, causando maior concentração de pessoas por aqui.
O empresário e diretor da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (Amee - Norte), Luiz Fernando Aguiar Nobre, diz que a nova regra corrigiu uma incoerência do Decreto 4.353, de 3 de fevereiro de 2022.
“Em 27 de janeiro, o prefeito deu uma entrevista falando que não iria haver restrições na cidade. Todo mundo planejou casamento, aniversários, formaturas, festas com revendas de ingressos. Aí, na quinta-feira, 3 de fevereiro, quase no fim de semana, o prefeito proibiu eventos, nos deixando perplexos”.
Fernando Nobre diz que foi necessário acionar a procuradoria do município para esclarecer o que estava ou não proibido. Segundo ele, a explicação foi a de que o Decreto 4.353 suspendia todos os eventos, e que era necessário ter uma autorização para liberar os mesmos.
Já na segunda, 7 de fevereiro, a prefeitura voltou atrás. “O interesse era frear somente o carnaval. Não fazia sentido cancelarem eventos que já estavam programados e marcados, com diversos gastos”.
Com o novo texto, as proibições de 4 de fevereiro a 13 de março começarão a valer só no dia 25. “Mas a gente espera que o município tome uma posição e reveja esse decreto também, porque isso não vai frear a pandemia”. Ele acredita que as pessoas continuarão viajando, alugando sítios e fazendo reuniões, inclusive festas clandestinas. “O grande vilão da pandemia não é o setor de eventos. Somos um dos únicos setores que está cobrando 100% o passaporte sanitário”, afirma.