
“O palhaço é nossa alegria/Qualquer hora de noite ou de dia/O palhaço vira cambalhota/E sua bengala parece a letra J”. Estes são os versos finais de “O Palhaço”, composição de Cylene Peluso e Olívio Araújo, cantiga de versos simples e delicados, interpretada por Rubinho do Vale, violeiro que homenageia esses preciosos profissionais. Artistas que nos fazem rir e rolar de rir com suas vestes extravagantes, calças largas, sapatos enormes, cabeleiras coloridas, além, é claro, dos paletós esquisitos e nariz vermelho!
Figuras tradicionais e sempre presentes em circos e festas infantis, eles andam meio sumidos. Mas, sempre que aparecem, são a alegria da meninada e dos adultos também. Nesta sexta-feira (10) é comemorado o Dia Universal do Palhaço. O NORTE conversa com um deles como forma de homenagear a todos.
“Pula-Pula” está nos palcos da alegria há mais de 20 anos. Quem dá abrigo a essa figura é o norte-mineiro Getúlio Evangelista de Souza, de 48, que, antes de incorporar o personagem, atuou no teatro, com a música, tocando percussão em grupos da cidade e depois contando piadas para amigos e familiares.
O gosto pela arte de ser palhaço Getúlio descobriu em 2000, quando participou das oficinas circenses no “Grande Circo Popular do Brasil”, do ator Marcos Frota. Era um projeto da Secretaria de Turismo, que recebia o nome de “Projeto Piloto – Universidade Livre do Circo”. Durante alguns anos, fez aulas de malabarismo, perna de pau, acrobacias e palhaço.
VIVER DA ARTE
Suas maiores inspirações são Os Trapalhões (destaque para Renato Aragão), Golias e Costinha. Mas viver da arte não é tarefa fácil. Por isso, Getúlio teve que aprender outras atividades para ganhar o pão de cada dia.
“Com o tempo, juntei minhas aulas/oficinas de teatro, dei aulas em projetos sociais dos governos estadual e municipal, como o Fica Vivo, TimArtEduca-ção, Peti, dentre outros, além de minhas oficinas particulares. No decorrer da carreira me envolvi também com a elétrica (motores elétricos), que se tornou meu ganha-pão, pois na cidade é difícil viver apenas da arte”, conta.
O artista também adquiriu alguns conhecimentos de sonoplastia e iluminação e, atualmente, trabalha pelo município como técnico da Casa de Cultura.
HISTÓRIAS
As dificuldades em seguir com Pula-Pula são muitas, conta Getúlio, pela desvalorização, principalmente a financeira, desse tipo de atuação. Mas ele guarda muitas histórias de tempos mais fartos e de palcos mais abertos aos palhaços.
“Destaco uma em que uma criança, ainda de colo, só queria tocar com o indicador o nariz do palhaço. Esse momento me marcou muito”, diz.
E o número mais pedido pela criançada, qual era? Ah, Pula-Pula tem na ponta da língua: eram aquelas com a participação de outros palhaços, em que um deles sempre se dava mal.
“Eles gostam quando um palhaço ‘engana’ o outro. Mas tem também a parte onde algumas mágicas são reveladas. Eles amam”, diz.
Outra lembrança querida, conta Getúlio, foram as apresentações no Asilo São Vicente de Paula. “Me emocionei muito. Os idosos choraram de alegria, e nós, os palhaços, choramos de emoção. Até hoje, só de lembrar, me emociono”.
NOVO MUNDO
Embora nos dias de hoje a maioria das brincadeiras estejam relacionadas à tecnologia, como computadores, smartphones, videogames, o artista diz que os palhaços ainda fazem sucesso. Para quem começar, ele dá um conselho: “o difícil é a falta de incentivo e o tanto de animal irracional que leva o nome de palhaço. Mas o palhaço continua sendo sinônimo de alegria e felicidade. Aconselho a quem goste que continue sonhando, brincando...”.