(arquivo pessoal)
Garantir informações suficientes às gestantes para que tenham um parto respeitoso, humanizado e seguro. Esse é o objetivo de um grupo de mulheres que começa a se reunir neste sábado, em Montes Claros, para orientar as futuras mamães e oferecer a elas o apoio de que precisam para ter tranquilidade em uma das horas mais aguardadas e que gera muita ansiedade.
A roda de conversa acontecerá hoje, às 14h30, na Luna Escola do Corpo. O I Encontro do Grupo de Apoio à Gestante e Puérpera de MOC é uma iniciativa da mãe e doula Laíza Coelho.
“O objetivo é levar informações de qualidade, pautadas em evidências científicas, e criar uma rede de apoio aqui na cidade para estas mães”, explica.
De acordo com Laíza, muitas mulheres desconhecem os seus direitos e os processos fisiológicos que irão vivenciar. Situação que fica ainda mais complicada quando não são assistidas da maneira adequada.
“Às vezes, a equipe médica está mais preocupada com as questões técnicas de saúde e acaba deixando a particularidade, a individualidade e os sentimentos dessa mulher dentro de uma gaveta”, lamenta a doula.
O encontro, segundo a fisioterapeuta Eliane Isabel Cepolini, será uma troca de experiências, com abordagem do “Parto Humanizado”, termo que ela prefere trocar por outro. “Como fisioterapeuta, prefiro o ‘parto respeitoso’, que é um movimento que já existe desde a década de 1980 e que surgiu pelas ocorrências de violências registradas e que ainda existem, em pleno 2021”, afirma.
Eliane destaca que o dever da equipe médica é respeitar as vontades das mulheres e não seguir somente um protocolo. “Respeitar o protagonismo da mulher. A forma de acolhê-la, a posição que ela escolher para dar à luz, não fazer piadas e usar palavras que possam constrangê-la, dentre outras coisas”.
A fisioterapeuta conta que, muitas vezes, a mulher sofre uma violência e não entende se aquilo é normal ou violação. “A mulher quando sofre uma violência obstétrica, depois de ganhar o bebê, ainda tem que procurar assistência jurídica, mas não entendendo o que de fato ocorreu. Então, muitas vezes, deixa pra lá”, diz.
SENTIMENTOS
A psicóloga Raiane Alves da Cruz vai conduzir as gestantes por uma conversa onde poderão tirar dúvidas sobre suas angústias, ansiedades, expectativas sobre o parto, pós-parto e maternidade.
“Isso empodera a mulher e ajuda a decidir por um parto respeitoso, de acordo com as possibilidades e necessidades dela”. Para Raiane, quando a mulher se descobre grávida, começa a pensar no bebê, e afloram medos e expectativas. “São muitos os anseios e preocupações da gestante, e olhar para a origem desse caos emocional é fundamental”, considera a psicóloga.
Quem aprendeu muito com a maternidade e entende que o ato de ter um bebê fortaleceu a profissão de enfermeira é Lorrayne Oliveira Dias Soares. Ela conta que depois de vivenciar o parto, resolveu compartilhar a experiência assistindo mulheres, ajudando-as a se reencontrarem, uma vez que, para ela, parto é travessia.
“Vejo vidas, mulheres, famílias serem transformadas pelo ato de parir. Meu desejo é que todas as mulheres sejam respeitadas, que suas escolhas sejam conscientes e baseadas em evidências e que bebês cheguem e transformem esse mundo”.
E o apoio não para por aí. A enfermeira obstetra e consultora em amamentação Sara Loreni vai mostrar às futuras mamães sobre a segurança de um parto vaginal. “Se banalizou o conceito de humanização hoje em dia. E as enfermeiras obstetras estão ali para lembrar as mulheres sobre a força que elas carregam. E que, no momento da dor do trabalho de parto, podem tentar relaxar e esquecer, cabendo a nós, que estamos ali do lado delas, lembrá-las da capacidade que têm e do controle que possuem sobre seu corpo e do controle do seu parto”, afirma.