
Poucas horas após o anúncio da Petrobras sobre o novo reajuste nos preços dos combustíveis, filas começaram a se formar em postos de Montes Claros. A corrida era para tentar abastecer ainda com preço antigo, visto que alguns estabelecimentos já mudaram a tabela, cobrando R$ 7,79 pelo litro da gasolina.
A Petrobras anunciou a nova alta nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha vendidos às distribuidoras, em meio à disparada da cotação do petróleo no mercado internacional. Conforme o anúncio, a medida só passaria a valer nesta sexta-feira, após cerca de dois meses de preços congelados nas refinarias.
De acordo com a estatal, o preço médio da gasolina passa de R$ 3,25 para R$ 3,86 o litro nas refinarias, o que representa aumento de 18,8%. No caso do diesel, o preço médio do litro passa de R$ 3,61 para R$ 4,51 nas refinarias - alta de quase 25%.
Para o GLP, conhecido como gás de cozinha, o reajuste aplicado foi de 16,1%. Com isso, o quilo do gás passa de R$ 3,86 para R$ 4,48, o que representa aumento de R$ 58,21 no botijão de 13 kg. De acordo com a Agência Nacional do Petroleo (ANP), o produto não sofria reajuste há mais de 150 dias. Em média, o botijão de 13 kg custa, atualmente, R$ 102,64 no Brasil.
“O que eu percebo é que tudo sempre recai nas costas do povo. O preço sobe porque tem guerra na Europa, e o brasileiro aqui na América latina paga esse absurdo! Não podemos culpar só a guerra da Rússia contra a Ucrânia, porque está subindo desde a saída da Dilma. Uai! Não tiraram ela pra ajustar o país?”, indaga G.M., comerciante de 60 anos.
“Ultimamente a gente só espera aumento e mais nada. Acho uma injustiça com o bolso do brasileiro”, pontua Carlos Gualberto, de 62 anos, também na fila para o abastecimento.
JUSTIFICATIVA
Em comunicado oficial, a Petrobras afirmou que o reajuste foi necessário após observação de preços “em patamares consistentemente elevados, para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras.”
A empresa ainda explicou que decidiu não repassar imediatamente a volatilidade do mercado ao consumidor, tendo em vista as consequên-cias da guerra entre Rússia e Ucrânia. A redução na oferta global do petróleo fez com que fosse necessária uma condição de equilíbrio econômico “para que os agentes importadores tomem ação imediata, e obtenham sucesso na importação de produtos de forma a complementar o suprimento de combustíveis para o Brasil”, diz a nota.
COLAPSO
Presidente do Sicovapp (Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos no Estado de Minas Gerais), Simone Almeida crê que o novo reajuste vai provocar debandada de motoristas de aplicativo, a ponto de colocar o serviço em colapso. “Muitos motoristas vão sair, especialmente aqueles que estão trabalhando só com gasolina e álcool. Fora os que vão desistir, pois a entrada de profissionais também está menor. Hoje o novato começa a rodar, vê que não compensa e já desiste”. (*) Com Leo Queiroz