Morte de ciclista reacende debate sobre ciclovias em Montes Claros

Cidade possui cerca de 120 mil pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte: sem estrutura adequada, ficam à mercê dos carros

Márcia Vieira
Publicado em 19/04/2022 às 10:27.
Avenida José Corrêa Machado, palco do acidente, também receberá ciclovia (reprodução pinguim notícias)
Avenida José Corrêa Machado, palco do acidente, também receberá ciclovia (reprodução pinguim notícias)

Um acidente de trânsito que vitimou a ciclista Mary Thais Trindade, de 45 anos, na manhã desta segunda-feira (18), sensibilizou a população e trouxe à tona, mais uma vez, o debate sobre a necessidade de o município investir em estruturas para os ciclistas em Montes Claros.

A cidade, segundo estimativas da Associação dos Ciclistas de Montes Claros (Aciclomoc), tem cerca de 120 mil pessoas que usam bicicleta, número que representa 30% da população e que justificaria intervenções nas vias da cidade para dar mais segurança a esse público.

O acidente que vitimou Mary Thais aconteceu na avenida José Corrêa Machado, uma das principais da cidade, que possui tráfego intenso. A ampliação das ciclovias na cidade é uma demanda antiga dos ciclistas, no entanto, eles dizem que mesmo onde a faixa exclusiva existe, os motoristas não respeitam.

“Muitos motoristas não respeitam e brigam com os ciclistas. Tem uma parte nessa avenida que tem a ciclovia, mas os carros estacionam e a gente acaba ficando sem alternativa, sem uma via de escape”, diz a maquiadora Josiquele Noronha.

Ela faz parte de um dos muitos grupos de pedal da cidade e está organizando uma manifestação que vai seguir o funeral de Mary nesta terça-feira. Para ela, é urgente a necessidade de se criar alternativas para aqueles que fazem uso da bicicleta para diferentes práticas em Montes Claros.

Segundo a PM, testemunhas disseram que a ciclista se desequilibrou e caiu, sendo então atingida pelo caminhão. As informações de quem presenciou o acidente é de que a avenida estava muito movimentada no momento e que o caminhão estava em baixa velocidade. Ele só teria percebido a situação ao ser alertado por outros motoristas.

O condutor da carreta permaneceu no local e depois foi encaminhado à delegacia para prestar depoimento. Ele foi submetido ao teste do etilômetro, que não constatou presença de álcool no sangue.

ACIDENTES
O número de acidentes envolvendo ciclistas em Montes Claros caiu 3,96% em 2021 em relação a 2020. Segundo dados do Samu, de janeiro a dezembro do ano passado foram registradas 291 ocorrências, contra 303 no mesmo período de 2020. Apesar da redução, a média mensal foi de 24,3 acidentes.

O presidente da Aciclomoc, Sérgio Costa de Oliveira, diz que no caso específico do acidente desta segunda-feira ele não pode se manifestar porque não conhece as particularidades do ocorrido. Entretanto, alerta que algumas regras têm que ser seguidas e estão previstas no código de trânsito.

“A rigor, não havendo a estrutura cicloviária, a bicicleta ocupa lugar no trânsito como um veículo qualquer, e para fazer a ultrapassagem de uma bicicleta, é preciso guardar a distância de segurança, que é de 1,5m. É preciso aguardar atrás da bicicleta, encontrar oportunidade e aí sim, fazer a ultrapassagem. Por isso é desejável que tenha uma estrutura cicloviária. Para que bicicletas e veículos não fiquem disputando espaço”, diz.
 
MOBILIDADE
O presidente da Aciclomoc afirma que existe uma interação com a MCTrans e com a Secretaria de Serviços Urbanos para melhoria e ampliação das estruturas na cidade. Ele adianta que está em vias de acontecer uma audiência pública na Câmara para buscar alternativas para esse tipo de transporte.

“A bandeira principal da associação é a cultura da bicicleta. São muitas as vertentes que envolvem a bicicleta. Transporte e mobilidade urbana, meio ambiente, esporte, cicloturismo, saúde”, explica.

Obras em andamento
De acordo com o vice-prefeito, Guilherme Guimarães, a prefeitura está implantando ciclovias nas principais avenidas da cidade e chegará até a José Corrêa Machado, palco do acidente. 

“Estamos em fase de implantação na avenida Vicente Guimarães. Na José Corrêa Machado, a MCTrans está fazendo o estudo, porque depende de análise de fluxo e outros pontos. Em seguida será a Deputado Esteves Rodrigues e a Sidney Chaves. Todas elas estão interligadas”, explica. Segundo ele, sobre a demanda de retirada do trânsito de veículos pesados do Centro de Montes Claros, isso só pode acontecer após conclusão das obras do Anel Rodoviário Norte, para fazer a ligação com o Distrito Industrial. “A expectativa é a de executar o primeiro trecho do Anel em maio deste ano e o segundo em janeiro de 2023. A partir desse serviço é que os veículos que vão para o Distrito Industrial poderão ser desviados do Centro”, diz.


 

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