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Montes Claros registra aumento nas denúncias de violência contra a mulher

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 23/08/2024 às 19:00.

É possível contactar as forças de segurança por meio do MG App, que possui um menu exclusivo para acionar o Emergência MG (190, 193 e 197) (Tiago Ciccarini / Sejusp)

Um relatório divulgado pelo Governo de Minas nesta quinta-feira (22) revela que 80 mulheres foram vítimas de feminicídio nos primeiros sete meses de 2024, uma queda de 20,8% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 101 mortes. A pesquisa da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) também indica uma leve redução nos casos de violência doméstica, que passaram de 87,1 mil em 2023 para pouco mais de 86 mil em 2024. Em Montes Claros, no Norte do Estado, as denúncias anônimas relacionadas à violência contra a mulher aumentaram consideravelmente: de 44 em 2022, para 81 em 2023, e já somam 60 até agosto deste ano. 

Para o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco, embora os números tenham diminuído, “ainda são dados expressivos, especialmente quando se trata de crimes tão covardes e que o governo tem como prioridade reduzir”.

“O que mais me assusta é que esses números, embora altos, estão infelizmente longe da realidade”, afirma o advogado Anderson Patrick Ramos, especialista em Direito Criminal. Ele destaca a importância da conscientização desde o início dos relacionamentos, alertando que as mulheres devem estar atentas aos primeiros sinais de abuso e não tolerar comportamentos que possam se agravar com o tempo. “É essencial educar a nova geração sobre igualdade e respeito à figura feminina, pois a conscientização é o primeiro passo para combater a violência”, ressalta.

Ele também destacou que a violência doméstica vai além da agressão física, abrangendo abusos psicológicos e materiais, que muitas vezes são negligenciados. “Muitas vezes, a Lei Maria da Penha é interpretada de forma limitada, como se a violência doméstica fosse apenas física, o que não corresponde à realidade. A violência doméstica se manifesta em três esferas: a física, que representa o ápice do abuso; a psicológica, que é a mais comum e frequentemente envolve a destruição da autoestima da mulher, fazendo-a acreditar que não tem valor e que não conseguirá nada sem a presença do agressor; e a material, onde as mulheres são privadas de recursos essenciais. Quando analisamos os altos índices de feminicídio, tendemos a focar apenas na violência física, mas ignoramos as muitas mulheres que, sob imensas pressões psicológicas e materiais, acabam cometendo suicídio ou desenvolvendo doenças graves”, explica.

Os dados da Sejusp revelam que a violência psicológica contra as mulheres, que inclui ameaças, manipulações, humilhações e a proibição de contato com amigos ou familiares, corresponde a 36% dos casos, ligeiramente superior à violência física, que representa 35% das ocorrências.

O advogado orienta as mulheres que já estão em relacionamentos abusivos a procurarem auxílio na Delegacia da Mulher e a solicitarem medidas protetivas, que podem incluir o afastamento do agressor, além de garantir abrigo seguro e apoio material, fornecido tanto pelo Estado quanto pelo próprio agressor. 

“A mulher deve entender quem ela realmente é. Isso é essencial. Ela precisa reconhecer seu lugar de protagonismo, não apenas como uma espectadora passiva em um casamento ou relacionamento, mas como alguém que toma as rédeas de sua própria vida”, finalizou.  

ONDE PEDIR AJUDA?
Mulheres vítimas de violência doméstica podem procurar qualquer unidade policial — da Polícia Militar ou delegacia — para prestar queixa contra o agressor. Também é possível contactar as forças de segurança por meio do MG App, que possui um menu exclusivo para acionar o Emergência MG (190, 193 e 197), localizado na tela inicial do aplicativo. As ligações telefônicas, pelos mesmos números, ainda podem ser feitas normalmente.

*Com informações da Agência Minas

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