O Governo de Minas Gerais iniciou, neste mês, a campanha Agosto Caramelo, promovida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG), para conscientizar a população sobre a causa animal. A ação busca prevenir o abandono, combater maus-tratos e incentivar a adoção responsável de cães e gatos. A escolha do mês coincide com o Dia Mundial do Cão, celebrado em 26 de agosto, ampliando a visibilidade das iniciativas.
Em Montes Claros, a Secretaria Municipal de Ambiente, Bem-Estar Animal e Sustentabilidade prepara uma série de ações para marcar a data. A gerente de Bem-Estar Animal, Rita de Cássia Márquez, explica que a diretoria é recente e está em fase de consolidação das políticas na área. “Já realizamos uma feira de adoção na Semana do Meio Ambiente e vamos promover outra neste mês, além de palestras sobre maus-tratos e divulgação da legislação vigente”, afirmou.
O município não possui abrigo próprio, e, segundo Rita, os animais resgatados são encaminhados a ONGs ou devolvidos ao local de origem após a castração. “Queremos ampliar o número de castrações, que hoje é feito pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), para atingir a meta de dez mil procedimentos por ano”, disse.
De janeiro a agosto de 2025, Montes Claros realizou 591 castrações de cães (239 machos e 352 fêmeas) e 587 de gatos (281 machos e 306 fêmeas). Todos os animais são microchipados, tanto no CCZ quanto nas clínicas conveniadas, para facilitar a identificação de responsáveis e o controle populacional. A prefeitura também está criando um canal digital para denúncias, divulgação de animais para adoção e busca de pets desaparecidos. As denúncias já podem ser feitas pelo telefone (38) 2211-3354.
Apesar dos avanços, entidades cobram mais eficiência do poder público. A presidente do Instituto Cuidado Animal, Ivana Margarete Lima Silva, critica o baixo número de castrações diante da demanda. Segundo ela, o município realiza pouco mais de 100 procedimentos por mês no CCZ e mantém parceria com uma clínica particular, custeada por emendas parlamentares, para 1.500 castrações anuais. “Para uma cidade do porte de Montes Claros, o ideal seria atingir cerca de dez mil castrações por ano, mas ninguém explica por que isso não acontece”, afirmou.
Ivana também questiona a inatividade do castramóvel e defende o uso simultâneo das duas estruturas. “Enquanto isso, os animais continuam procriando e sofrendo. É preciso atacar a raiz do problema, com castração, identificação, tratamentos veterinários e campanhas de conscientização”, disse.
A realidade da cidade foi evidenciada em um caso recente no bairro Delfino Magalhães. Na noite de domingo (10), uma moradora encontrou uma cadela da raça Shih Tzu em uma sacola plástica, magra, debilitada e com sinais de maus tratos. Cláudia Inês, responsável pelo resgate, relatou. “Ela estava bem maltratada, seca, toda maltratada. Acreditamos que era usada para cruzar e gerar filhotes para venda”. Após buscas sem sucesso pelo responsável, o animal foi entregue a outra pessoa, que se comprometeu com sua recuperação.