
Para que o reajuste aprovado pelo município continue vigorando, as empresas de ônibus de Montes Claros terão que cumprir algumas condições que possam promover a melhora no serviço.
A concessionária MOC Bus terá que disponibilizar mais quatro veículos para o transporte convencional, totalizando 94, e cinco para o transporte especial; deverá cumprir horários e itinerários previstos conforme determinação da MCTrans; e determina ainda a implemen-tação de reajuste salarial e de benefícios de no mínimo 10% aos colaboradores. Caso as metas não sejam cumpridas, o valor da tarifa poderá retornar ao preço anterior.
No entanto, os passageiros não acreditam em melhorias e afirmam que o peso é muito para quem depende do transporte diariamente. “Absurdo, subir duas vezes no mesmo ano. Fica muito difícil pra gente. O salário mesmo não subiu duas vezes este ano, este aumento não se justifica”, diz perplexa a auxiliar de cozinha Márcia Pacheco, que depende de quatro ônibus para trabalhar.
O pedreiro Antônio Rodrigues de Oliveira está desolado com a medida. Ele conta que tem optado por ir trabalhar de bicicleta para amenizar o custo do transporte, que agora ficará ainda maior. Para ele, o transporte coletivo é um meio bem caro para o trabalhador assalariado.
“Não vale esse preço. Se aqui fosse Belo Horizonte, tudo bem, mas aqui em Montes Claros, não vale não. Por isso ando de bicicleta, para não ter que pagar ônibus, porque os preços não se justificam”, ressalta.
O consórcio Moc Bus informou que se dispõe a tentar cumprir as determinações, entretanto, ressalta que o valor é inviável para se chegar ao equilíbrio financeiro.
IMPACTO
Além do impacto direto no bolso de quem precisa usar os ônibus, o reajuste também terá reflexos na inflação de Montes Claros, que tem se mantido em patamares elevados neste ano.
“O aumento de 6,66% vai, sem sombra de dúvidas, trazer impacto para as famílias montes-clarenses, principalmente aquelas de baixa renda, que dependem do transporte coletivo para se locomoverem na cidade, até mesmo para trabalhar”, afirma a economista Vânia Vilas Bôas, professora da Unimontes.
Nesse momento de renda em queda, o aumento da passagem deve gerar queda na demanda do serviço na cidade e pode até mesmo criar um fenômeno de exclusão em mobilidade, em que a população mais carente acaba ficando restrita ao seu ambiente.
No entanto, ressalta Vânia, os custos para as empresas realmente subiram muito, com destaque para o diesel. “Mas, fazer com que o trabalhador pague por isso nesse momento é algo extremamente prejudicial a ele”, avalia.
Para o lojista Mario Helen Alcântara, a vida tem ficado bem cara nos últimos anos e a população está ficando sem condição de sobreviver. “Tudo está subindo e o salário não acompanha. Acho que prefeitos, vereadores e autoridades devem se sentar para discutir um meio de manter as coisas em razão com que o povo ganha, porque o trabalhador não está aguentando mais”.